No cartoon, com o traço distintivo de Miguel Salazar, encontra-se retratado Allan Cocato, provavelmente, uma das maiores figuras da história do voleibol vitoriano e, certamente, um dos atletas mais carimáticos daquela equipa de 2004/05, orientada por José Moreira e que contava com outros excelentes executantes como Adriano Paço, Pedro Rosas, Fabrício Pereira ou Daniel Roger.
Num tempo em que o voleibol se encontrava em franca expansão em Guimarães, a secção da modalidade procurava afirmar a equipa nas competições do Velho Continente. Por isso, fruto do belo terceiro posto obtido no campeonato nacional anterior, resolveu inscrever a equipa em mais uma edição da Top Teams Cup (uma espécie de Liga Europa da modalidade), sendo que esta deveria disputar uma poule de apuramento para as fases a eliminar na República Checa. Pela frente, estariam a equipa da casa, o Dukla Liberec, os húngaros do Kometa Kaposvar e os moldavos do Speranta – USM Kishinev.
Porém, apesar de dentro da quadra, o conjunto vitoriano ter conseguido um meritório segundo lugar que lhe garantia o apuramento para a Taça CEV, só perdendo frente à equipa da casa, a verdade é que a bomba estouraria quase de imediato. O Vitória iria ser desclassificado na secretaria, estando assim fora da competição.
Para justificar tão indesejada decisão, o ente organizador alegava a existência de irregularidades nas inscrições de sete jogadores, pelo facto de que o "Vitória tinha inscrito 6 jogadores desde 31 de Agosto e inscreveu em 19 de Outubro mais 7 atletas, com processo de inscrição definitiva a depender apenas, quanto a estes, da chegada do original dos Certificados Internacionais de Transferência."
"Estes certificados chegaram à Federação Internacional de Voleibol no dia seguinte, 20 de Outubro, e o facto de eles terem confirmado as respectivas transferências induziu o Vitória à convicção de estar todo o processo em termos de permitir a utilização dos jogadores em causa" já entre os dias 22 e 24 de Outubro, altura em que se disputou tal fase de apuramento.
Sem ter sido alertado pela Confederação Europeia de voleibol e, por isso, desconhecendo das irregularidades, os Conquistadores partiram em busca do sonho de apuramento, para quando chegados ao local dos jogos, serem levantadas "reservas quanto à utilização dos 7 jogadores", mas obrigando a equipa a competir, sob pena de ser-lhe aplicada uma multa de 3500 euros.
Deste modo, com os sete atletas posteriormente inscritos a terem de jogar, por não existir outra solução, o Vitória perderia na burocracia dos corredores o apuramento que houvera conquistado dentro de campo. Pior do que isso, todas as reclamações e esclarecimento que fizera à Confederação Europeia de Voleibol não mereceram qualquer resposta, pelo que "perante a deselegante e prepotente posição da CEV o Vitória decidiu não participar em mais qualquer prova organizada por esta entidade, que desprezou sobranceiramente valores desportivos que o Vitória pretendeu servir a despeito das significativas custas que tal participação acarretou, sem nenhum retorno financeiro."
Tal decisão haveria de durar até à temporada de 2008/09, quando o Vitória, como campeão nacional, participou na Liga dos Campeões da modalidade, alcançando com indiscutível brilhantismo os oitavos de final da prova. Porém, aquela sui-generis poule disputada na República Checa haveria de ficar para sempre na memória...