O PRIMEIRO QUARTO LUGAR DA HISTÓRIA

Uma equipa e um momento histórico!

A equipa vitoriana treinada por Artur Quaresma fez história na temporada de 1960/61.

Com efeito, depois de resultados de bom nível, com uma série de oito triunfos em onze partidas, o Notícias de Guimarães chegou mesmo a escrever que "eufórico instante é este, que vivem os adeptos do Vitória. Vários Domingos sem verem a sua equipa perder causa alegria e consola mesmo bastante. Principalmente, até porque todo este rosário de resultados é originado por um momento óptimo do conjunto vimaranense que vem realizando exibições convincentes, que não deixam dúvidas, provocando números que as retratam bem.”

Com a equipa a entusiasmar, nesse ano algumas deslocações ficaram na memória de quem as empreendeu. Com especial destaque a Coimbra, onde apesar do clube ter sido derrotado, o referido jornal conseguiu sintetizar o que todos os vitorianos sentem após uma digressão sem sucesso: "tornou inesquecível”. Valerá a pena transcrever o naco de prosa lavrado por Fernando Roriz no Notícias de Guimarães: “O adepto do Vitória, ainda com o orgulho do triunfo da sua equipa sobre o Benfica a encher-lhe o peito, foi no Domingo, em representação numerosa e entusiástica, de abalada até Coimbra.

Manhã cedo, a Cidade viu-a partir animada e alegre de esperança; pela noite dentro, viu-a chegar insatisfeita, que a derrota da equipa vimaranense não estava nas previsões, até dos menos optimistas. E, partindo desta certeza, o mesmo adepto que Domingo deu de mal empregado o tempo perdido na jornada de Coimbra, encontrará ânimos novos para empreender outras jornadas, certo que nelas encontrará algo de diferente, porque o Futebol é sempre diferente Domingo a Domingo e reserva a todos alegrias e tristezas. De resto, se assim não fosse, como seria ele Rei?”

Porém, o Vitória haveria de acabar o campeonato no quarto lugar pela primeira vez na sua história, levando a que lugar em que a equipa vitoriana terminou a prova nacional, só atrás dos três emblemas mais titulados, gerasse uma verdadeira onda de entusiasmo pelo facto de “uma equipa da província sobrepor-se, ao fim de um duro e longo campeonato, a um dos quatro clubes que há muito tempo puxaram para si o exclusivo das primeiras posições.”

Por isso, não pareceu “despropositado, pois, concluir que a colectividade vimaranense vive um dos momentos de maior prestígio da sua história, ainda que seja verdade que a sua proeza – pois, de autêntica e válida proeza se trata – tenha passado de certo modo despercebida no panorama do futebol português...”

Tal levou mesmo a que o “Comércio de Guimarães”, considerasse que “escaqueirado o mito dos 4 Grandes, os lentes têm que resolver a questão: ou os Grandes passam a ser 5, ou o 4º grande é o Vitória e o Belenenses contenta-se com ser o 1º dos pequenos..."

Porém, a maior surpresa veio da cidade vizinha de Braga, através do seu clube mais representativo. Numa altura em que as relações entre Vitória e Braga eram de extrema cordialidade, o clube arsenalista, que tinha descido de divisão, enviou um telegrama a elogiar a prestação vitoriana “Com os melhores cumprimentos, vimos felicitar V. Ex.as pela obtenção do honorosíssimo 4º lugar da tabela classificativa do Campeonato Nacional de Futebol da 1ª Divisão. Tal cometimento é, na realidade, tanto mais de realçar quanto é certo sabermos bem o valor, a tenacidade e até o heroísmo que, infelizmente, são necessárias para alcançar no nosso futebol, posição tão destacada. Congratulamo-nos, pois, sinceramente, com o brilhante êxito obtido pelo nosso glorioso rival, Vitória S.C.”

O Vitória fazia história...

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