COMO JAIME PACHECO CHEGOU E ABANDONOU O VITÓRIA, SEGUNDO A SUA VERSÃO, POR CAUSA DE MILOVANOVIC, DEPOIS DE TER CRIADO UM VERDADEIRO MONSTRO...

Jaime Pacheco chegou a Guimarães, quase sem que ninguém o fizesse prever.

Estávamos na temporada de 1995/96, a aposta vitoriana em Vítor Oliveira correra de modo bastante infeliz, o seu sucessor Carlos Alberto Silva, que houvera sido bicampeão nacional pelo FC Porto e era a escolha principal para substituir o técnico português sofrera um acidente com um boi na sua fazendo no Brasil, pelo que Pimenta Machado tinha de tomar uma decisão rápida... tomou-a enquanto ouvia o relato de uma partida da Taça de Portugal entre o FC Porto e a União de Lamas que era treinada por Jaime Pacheco, antiga glória do futebol português, e que quase eliminava os Dragões em pleno estádio das Antas.

Assim, como o próprio treinador confessou em entrevista ao Observador a 30 de Setembro de 2017, "no dia seguinte, estava na casa dos meus pais, a prestar apoio à minha mãe, porque o meu pai tinha falecido há uns meses, e ligam-me." Era Pimenta Machado, o presidente dos Conquistadores, "que tinha ouvido o relato do Porto-Lamas pela rádio e quis contratar-me."

De imediato, marcariam um encontro que se desenrolou no parque de estacionamento do Estádio das Antas, "...e fiquei treinador do Vitória."

Desde esse momento, Pacheco percebeu que "Tinha uma equipa do caraças. Tinha o Neno e o Nuno, que começou a jogar comigo. Sou eu que o meto a jogar com o Belenenses no dia de São Lázaro, em que o Vitória perdia sempre em casa." Além destes, contava ainda com "Edinho, muito rápido, e Gilmar. Depois tinha o Ricardo Lopes, o melhor jogador a finalizar dentro da área, tanto fosse com o pé direito, esquerdo, coxa, peito, calcanhar. Na estreia europeia do Buffon, pelo Parma em Guimarães, o Ricardo Lopes faz-lhe um chapéu dentro da área. Tinha o melhor jogador do Vitória de sempre. Dos que vi jogar, atenção: Paneira. Nunca vi o Jeremias, nem o Edmur, mas o Paneira era um jogador. E havia o Capucho. Mais o Zahovic, que estava assim-assim no Vitória. Queriam despachá-lo."

Além destes, "tinha o Tanta, um central fabuloso. Engraçado, ele enganava-se sempre nos exercícios do treino. Se lhe dissesse que era contornar os cones, passar a bola ao adjunto e rematar na devolução, ele remata antes de passar pelos cones. Embrulhava-se todo. Durante o jogo, zero equívocos. Era bom em tudo: cortes, antecipações, jogo aéreo, rasteiro. Tudo bom.", com Arley ou Vítor Silva ao lado dele.

Mas, para uma equipa que se tornou inesquecível eram precisos mais elementos, de valia, igualmente, inquestionável. Deste modo, "à esquerda, Quim Berto. À direita, José Carlos. Ganhámos em Alvalade, a perder 2-0 ao intervalo, nas Antas e na Luz. No banco de suplentes, N’Dinga e Soeiro. Mais um outro fabuloso, com o joelho todo bichado, um 10 clássico: Dane, Era um rapaz um bocado estranho, mas tive-o sempre na mão. Se ele estivesse sentado, eu sentava-me ao lado dele. Se estivesse de pé, ele metia-me de pé. Consegui levá-lo pela conversa, era fabuloso, o Dane."

Porém, mesmo uma história cheia de momentos felizes terá os seus momentos infelizes, as suas desilusões, como sucedeu com o despedimento do treinador na temporada de 1997/98...tudo por causa de um sérvio que chegou ao Guimarães no negócio de Nuno para o Deportivo, o primeiro intermediado por Jorge Mendes. Assim, além do dinheiro chegou o médio ofensivo, Branko Milovanovic, que segundo o treinador, Pimenta Machado "pensava que era o Platini, e eu disse-lhe que não jogava nada, só que os adeptos gostavam dele."

Por isso, as coisas começaram a precipitar-se. Como o próprio referiu, "Um dia, em Vila do Conde, acho, tirei o Paneira, alterei o esquema tático e meti o Milovanovic de início. Ele, nada. Cada vez que jogava, a equipa perdia ou empatava." Até que chegamos ao dia 02 de Novembro de 1998, altura em que o Vitória recebeu o Boavista e empatou a um, com golo de Paiva, tendo entrado o referido Milovanovic ao intervalo para o lugar de Fredrik Soderstrom, outro bem-amado dos adeptos.

Insatisfeito com o resultado, o líder máximo vitoriano "... questionou-me sobre a presença do Paneira. Disse-lhe que não tirava o Paneira, o melhor jogador da equipa, e ele isto, eu aquilo até que ‘você está despedido’"

E, deste modo, acabava um período que foi desde o início de 1996 até quase ao final de 1998...um período pleno de memórias!


 

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