UM FANTÁSTICO ARRANQUE, NA ESTREIA DE MANUEL JOSÉ, GRAÇAS "AO PAQUITO DO RIO AVE", COMO A BOLA ESCREVEU...

O Vitória, naquela temporada de 1982/83, teve necessidade de se reformular. José Maria Pedroto, treinador que orientara a equipa nos dois anos anteriores, regressara ao FC Porto, recaindo a aposta para a sua substituição em Manuel José que houvera dado nas vistas no SC Espinho.

A sua estreia seria de fogo, no derby eterno, no 1º de Maio, casa do rival SC Braga. Um jogo inaugural, onde também se estreou Paquito, contratado nesse defeso ao Rio Ave e que viria a ser o herói da contenda.

Assim, nesse dia 21 de Agosto de 1982, para a história ficou o primeiro onze de uma equipa que iria empreender o regresso europeu, depois de vários anos afastada dessas andanças: Silvino; Gregório Freixo, Barrinha, Tozé, Murça; Nivaldo, Abreu, Paquito; Laureta, Joaquim Rocha e Fonseca.

O jogo, esse, começou com um golo arsenalista logo no primeiro minuto, mas que foi enganador da toada em que a partida se disputou, já que o Vitória haveria de, segundo o jornal A Bola de 23 de Agosto de 1982, ter "mérito intocável no triunfo", pois foi o conjunto que "melhor defendeu, a que foi mais objectiva quando a jogar ao ataque e, como se isso não fosse já importante, a única que teve meio campo."

A dominar o jogo, o golo do empate apontado por Joaquim Rocha "aconteceu, pois, tão naturalmente que até fenece a possível razão que eventualmente, possa existir - e na qual confessamos, não comungamos - de o que o autor do tento estaria deslocado quando recebeu a bola de Abreu."

O Vitória empatava a contenda, para, logo de seguida, um jovem de 22 anos, que vestia pela primeira vez a camisola do Rei, depois de ter brilhado no Rio Ave, assinalar como inesquecível esse momento. Assim "no lance que se seguia ao golo, Paquito - para o crítico o melhor de todos os jogadores anteontem utilizados em Braga - estoirou com o esférico na madeira. (..) Minutos depois, o resultado ganharia com o tento de Paquito uma tonalidade mais vincada."

A equipa de Manuel José passava para a vantagem, sendo "excelente, sem dúvida, a ponta final do primeiro período. O seu meio campo com Nivaldo a impor a sua inegável capacidade físico-atlética, Abreu a movimentar-se muito bem e Paquito a dar a entender que tinha percebido como é que se devia jogar contra um adversário com um meio campo que não marcava ninguém e uma defesa que não se entendia consigo...e com o adversário."

O Vitória começava o campeonato com um triunfo saborosíssimo em casa do sempre rival, mas com uma pergunta para responder no decorrer do campeonato: " pegando numa equipa que o grão-mestre Pedroto ensinou a jogar à bola como poucas (ou nenhuma!) do nosso futebol, Manuel José (...) terá a coragem (e a humildade) necessária para não destruir o que está bem e rectificar apenas o que está mal." A resposta seria positiva, com a equipa, apesar de alguns percalços como as duas derrotas subsequentes ao êxito aqui narrado (em casa com o SC Espinho e no Estádio do Bessa), a conseguir um belo quarto posto e a regressar às provas uefeiras...


 

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