UM ENCONTRO DE CAMPEÕES

Estávamos em 1934...

O Vitória houvera brilhantemente conquistado o seu primeiro título distrital. Em Braga, perante mais de 1500 vitorianos, os Conquistadores conquistavam o seu primeiro título sénior, valendo o golo de Paredes na primeira mão da decisão, na "caixinha de fósforos", chamada Benlhevai.

Para festejar o inesquecível e marcante momento, resolveu celebrar-se de modo marcante, convidando o campeão do Porto, que era, nem mais nem menos, o FC Porto.

As palavras do Primeiro de Janeiro de 17 de Abril de 1934, sobre o jogo são deliciosas: "É velho o chavão que vamos empregar, mas tem oportunidade: Guimarães "velhíssima" cidade que deu origem à fundação de Portugal, vestiu no Domingo as suas melhores galas para receber o campeão do Porto e os tripeiros que foram visitá-la. Toda a cidade esteve em festa..."

Aliás a festa era tão grande que à chegada da cidade "trocaram-se os primeiros cumprimentos e novamente em marcha até à entrada da cidade, onde uma multidão numerosíssima aguardava os visitantes e rompeu em aclamações vibrantes e estrondosas. (...) Ouviram-se os acordes da Banda da Oficina de S.José que executou o Hino da Cidade, ribombaram morteiros e das janelas começou a cair uma chuva interminável de flores e de papelinhos nas cores azul e branco e preto e branco."

Depois das boas-vindas oficiais, a comitiva portista, acompanhada por vários elementos vitorianos, rumou à sede do Vitória. Daí, partiram todos para o Hotel do Toural para um delicioso almoço, no mais são espírito de convivência. Nuns tempos diferentes dos de hoje, a comitiva portuense (jogadores incluídos), acompanhada por elementos da direcção vitoriana, percorreram a cidade, visitando monumentos, o Castelo, a Sociedade Martins Sarmento e, por fim, a Penha, onde todos permaneceram até ao esperado desafio ser encetado.

Este principiou pelas 17h00m, com o Benlhevai a apresentar a maior enchente até esse dia, com cinco mil adeptos a preencherem as bancadas do recinto erigido pelo engenho e perseverança de Carlos Machado que, nesse dia, onde estivesse, haveria de estar feliz por ver que o seu sonho estava a ser cumprido.

Antes do jogo, ainda, os jogadores vitorianos foram condecorados com uma medalha de ouro, por serem os campeões do distrito, acto levado a cabo pelo presidente da Câmara, Rocha dos Santos.

Com o Vitória a alinhar com Ricoca; Paredes, Ferreira; Freitas, Laureta, Mário; Fonseca, Constantino, Faria, Virgílio e Bravo, os golos de Virgílio e de Mota de pouco valeriam. No encontro dos campeões, perderia por cinco bolas a duas... mas, isso de pouco importava. Um momento absolutamente inesquecível entrava na eternidade...

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