QUANDO OS MAIORES RIVAIS SE UNIRAM PARA APOIAR OS PORTUGUESES QUE FUGIAM OUTRO LADO DO MUNDO...

A realidade portuguesa em meados do século passado era algo que hoje nos parece uma miragem.

A fazer a apologia do império colonial, o que permitiu trazer jogadores como Eusébio, José Águas, Hilário ou Matateu entre muitos outros, a verdade é que Portugal, até ao golpe do Movimento das Forças Armadas em 25 de Abril de 1974, fez de tudo para manter as posses coloniais.

Entre elas, estavam três províncias na Índia: Goa, Damão e Diu. Porém, no último mês de 1961, tudo haveria de mudar. Na verdade, Operação Vijay (que significa "Vitória") pelas Forças Armadas da Índia, iniciada a 17 de Dezembro, e que durou três dias, através de ataques aéreos, marítimos e terrestres, levaria à recuperação dos territórios pela União Indiana e à morte de trinta cidadãos portugueses.

Com a opinião pública portuguesa a considerar tais actos uma agressão armada, com Salazar a pugnar que tal ofensa havia sido um dos maiores desastres da história de Portugal, um golpe muito forte na vida moral do país e a acusar Nehru, o líder indiano, de racismo, começaram a chegar os refugiados. Da primeira leva foram 250, muitos deles com a roupa do corpo, sem qualquer apoio e na esperança que o país de origem estendesse-lhes a mão.

O Vitória não ficaria indiferente ao drama. Na pessoa do seu presidente, Casimiro Coelho Lima, em conjunto com o líder do seu rival de sempre, o SC Braga, na altura a disputar a Segunda Divisão Nacional, Renato Feio, marcaram um reunião com, o então, Governador Civil do distrito, Renato Feio. Na ideia, os dois homens levavam pôr rivalidades de lado, por um bem maior: o apoio aos seus concidadãos que houveram chegado à metrópole. Para isso suceder, propuseram-se a realizar dois jogos com a receitar a reverter na sua totalidade para os refugiados portugueses.

Encontrar-se-iam, pois as equipas, por duas vezes, aproveitando duas brechas no calendário. A vitória no troféu seria confirmada pelo triunfo por três bolas a zero no reduto do rival, com golos de Caiçara, Silva e Arcángel... mas isso era o menos importante de um momento de afirmação patriótica e de apoio aos concidadãos que acabavam de chegar a Lisboa!

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