COMO O VITÓRIA QUEBROU UM JEJUM QUE PARECIA ETERNIZAR-SE E COLOCAR EM PERIGO A PERMANÊNCIA NA PRIMEIRA DIVISÃO...

Aquela temporada de 1961/62 arrancou sob o signo da desilusão.

Com efeito, da equipa que, na temporada anterior, conquistara o quarto posto, restava só a recordação, atento ao aterrador arranque que o conjunto orientado por Artur Quaresma fizera. Na verdade, nas cinco primeiras jornadas da prova maior do futebol português a equipa, apenas, conseguira empatar no Restelo a um, o que adensava temores indesejados e, acima de tudo, inesperados.

Por essas razões, o desafio perante o Leixões, referente à sexta jornada do Campeonato, disputado a 12 de Novembro de 1961, assumia contornos de determinante para evitar que o solo fugisse definitivamente de debaixo dos pés vitorianos.

Assim, naquele dia a alinhar com Ramin; Freitas, Daniel; João da Costa, Silveira; Virgílio; Romeu, Pedras, Augusto Silva, Ferreirinha e Amaro, o Vitória desde cedo se lançou em busca do êxito inaugural daquele exercício. Como escreveu o Notícias de Guimarães de 19 de Novembro de 1961, "os primeiros momentos do jogo chegaram para demonstrar a disposição da equipa vimaranense: conseguir a todo o custo um triunfo que teria de ser assegurado bem depressa, antes que o decorrer do tempo pudesse complicar as coisas." Tal seria confirmado por um remate à trave da baliza matosinhense e pelo belo golo de João da Costa.

Contudo, nessa temporada, o Vitória, por vezes, terá sido o seu pior inimigo. Assim, "aquele pontapé de baliza autenticamente suicida que pôs a bola nos pés do venenosa Osvaldo Silva atirou nitidamente o jogo para a feição que caracterizara os dois que anteriormente vimos na Amorosa: perturbação, ânsia de recuperar de qualquer maneira e o naturalíssimo e comprometedor receio de que novo golo do adversário tornasse tudo mais difícil."

Assim, se chegaria ao intervalo, com a segunda metade a começar da pior maneira. O adversário, num contra-ataque eficaz, a colocar-se a vencer, levando as bancadas a temerem novo desaire, nova escorregadela que poderia ser vista como comprometedora atento aos objectivos preconizados.

"Foi então - quando isso menos parecia possível - que se deu o volte-face. Empurrados pelo público, os jogadores do Vitória acreditaram nas suas possibilidades e numa arrancada empolgante construíram o seu primeiro e merecido êxito neste campeonato." Esta arrancada foi consubstanciada pelo tento do empate obtido pelo espanhol Amaro e o do triunfo, a quatro minutos do fim, obtido pelo menino-querido das bancadas, o jovem Pedras, que levou a Amorosa ao delírio.

O Vitória obtinha o seu primeiro êxito, considerando-se na publicação consultada que tal só tinha surgido naquele momento porque "houve um desleixo da parte dos adeptos vimaranenses -estes esqueceram-se de apoiar a equipa como deviam, permitindo até, com depreciações premeditadas de alguns, um declínio moral das mais funestas consequências. Perderam-se quatro pontos, por força de tanto!..."

Ganhavam-se razões para sorrir, mas ainda assim a temporada haveria de ser difícil... mas isso serão outras histórias!

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