Na fotografia apresentamos uma equipa histórica. A que, pela primeira vez, foi capaz de chegar a uma final da Taça de Portugal e, talvez, mais importante que ascendeu pela primeira vez ao escalão maior do futebol nacional.
Com uma Comissão Administrativa liderada por José Faria Martins a comandar os destinos fora do relvado, ao leme da equipa continuava Alberto Augusto, que terá levado a cabo uma das maiores contratações da história do clube. Assim, do Boavista, a troco de 2700 escudos (13,5 euros na moeda actual) e com um salário mensal de 300 escudos (1,5 euro) foi contatado o goleador Ferraz, que haveria de se demonstrar determinante em êxitos futuros.
Como era apanágio daqueles anos, o Vitória venceu o campeonato distrital sem grandes dificuldades, o que, pela primeira vez, trazia um aliciante. Assim, tinha sido estipulado que o vencedor do campeonato do distrito de Braga ia ter o direito de participar no Campeonato Nacional da Primeira Divisão.
Porém, a Federação haveria de dar o dito por não dito, muito por culpa de pressões efectuadas pela AF Aveiro que pretendia que esse lugar fosse ocupado pelo União de Lamas. De modo a "não ficar mal nem com Deus nem com o diabo", numa decisão salomónica, a FPF decidiu realizar uma finalíssima no Campo da Constituição, no Porto, entre o Vitória e a equipa de Santa Maria de Lamas... quem vencesse, integrava a elite do futebol nacional!
Com o Vitória a alinhar com Machado; Lino, João Bom; Castelo, Zeferino, José Maria; Laureta, Miguel, Alexandre, Ferraz e Bravo, ainda que o homens de Guimarães estivessem sempre à frente do marcador, o jogo foi impróprio para cardíacos, terminando com um triunfo, digno de um jogo de hóquei em patins, por seis a quatro para os Conquistadores.
O Jornal de Notícias de 18 de Janeiro de 1942, relativamente ao prélio, considerava que “com a eliminação do representante da região de Aveiro – o União de Lamas -, batido pelo Vitória por 6-4, em jogo efectuado no último Domingo no Campo da Constituição, no Porto, o grupo vimaranense deu ingresso na 1ªDivisãa do Campeonato Nacional, que começa hoje a disputar-se. Este novo feito dos nossos rapazes é digno de louvor e admiração, pois o seu ingresso na Divisão Maior foi precedido de intensas e duras lutas e de um esforço que não pode ser olvidado pelos desportistas vimaranenses.”
Porém, não obstante o momento de glória que o Vitória vivia, o jornal não deixava de lembrar que “é de lamentar (...) que se tivesse obrigado o Vitória que tão briosamente e com tanto merecimento conquistou de novo o título de campeão do seu distrito, a disputar o jogo do passado Domingo, quando é certo que outros grupos “maiores”, mas que ficaram desclassificados nos respectivos campeonatos regionais, entraram na prova máxima sem terem de sujeitar-se a essa contrariedade. É a eterna história “Deus para uns e o diabo para outros. Não está certo!”
A histórica estreia no Nacional maior haveria de ocorrer no dia 18 de Janeiro de 1942, tendo como adversário a Olhanense. Ficou para a história a primeira equipa utlizada pelo Vitória na Primeira Divisão: Machado; Lino, João Bom; Castelo, Zeferino, José Maria; Laureta, Miguel, Alexandre, Ferraz e Bravo. Para a eternidade, ficou, também, o primeiro triunfo no principal escalão da modalidade por uns esclarecedores quatro tentos a zero. Por fim, registe-se os primeiros goleadores que foram Miguel (o autor do primeiro golo na longa história vitoriana na primeira divisão), Ferraz por duas vezes e Zeferino de grande penalidade.
O Vitória chegava à primeira divisão para viver uma longa história nesta, apenas interrompida em quatro temporadas, entre 55/56 e 57/58 e em 2006/07...