Estávamos em 2003... ano de eleições no Vitória, numa altura em que a equipa dava serenatas de bom futebol e Pimenta Machado ia vivendo o início dos seus problemas judiciais, que o acabaram, inclusivamente, por fazer ser detido antes da partida em Paredes para a Taça de Portugal,
Porém, tal não o demoveu de se apresentar ao acto eleitoral desse ano, ainda sem saber que seria a última vez que se candidataria à liderança vitoriana. Com ele, avançavam Pedro Xavier na presidência da Assembleia-Geral e Amaro da Costa Silva seria o presidente do Conselho Fiscal. Como promessas, prometia estabelecer uma parceria com um grupo financeiro para reforço e estabilidade económica do Vitória. Assim pretendia obter os meios que uma SAD poderia permitir, sem para ela avançar. Desportivamente, afirmava o desejo de entrar na Liga dos Campeões bem como reestruturar o futebol de formação, enquanto que afirmava o desejo de ter uma estrutura mais colectivista, simbolizada pelo ressurgimento do Conselho Vitoriano, presidido por José Alberto Gomes Alves, que deveria servir de retaguarda à direcção e ao presidente, com constante aconselhamento na gestão do clube
Do outro lado, aparecia Manuel Rodrigues, que contava com o apoio como figuras como Fernando Alberto Ribeiro da Silva, Fernando Roriz, José Arantes. Como presidente da Assembleia apresentava o nome de Gil Mesquita (que houvera entrado em rota de colisão com Pimenta por causa da AF Braga) e como presidente da Assembleia-Geral, Fernando Xavier. Defendendo que o mito de Pimenta estava desfeito, pelo que persistir nele era um erro, podendo custar ao clube uma situação crise. Assim, apostavam na colegialidade, avançado, também, com uma proposta de criação de uma comissão para rever os estatutos. Acresce, ainda, que ao contrário de Pimenta, trazia à discussão a criação de uma SAD, com controlo pelo Vitória. Apresentava, ainda, o nome de Vítor Paneira para o lugar de director-técnico, devendo supervisionar todas as equipas do clube, às quais deveria ser acrescentado um conjunto B.
Atendendo ao naipe de argumentos apresentados, os vitorianos esperavam com natural ansiedade o debate televisivo que os dois contendores deveriam ter... mas que seria transformado em duas entrevistas separadas, pelo facto de Rodrigues pretender fazer-se acompanhar de Fernando Alberto Ribeiro da Silva, seu apoiantes, e na altura um dos principais opositores de Pimenta, o que não foi aceite por este.
No dia das eleições, os vitorianos não tiveram dúvidas. Assim, 67% dos votantes deram o seu apoio à continuidade do homem que liderava o clube há 23 anos, superando a vantagem que obtivera em 2000 perante Arantes. Pimenta, ainda não sabia, mas passado pouco mais de um ano haveria de se demitir, dando por terminado um longo ciclo!