O JOGO NAS ANTAS EM QUE QUISERAM CRUCIFICAR E IRRADIAR AUTUORI...

aqui falamos que uma das razões para Pimenta Machado lutar pela mudança na AF Braga, levando à demissão de Gil Mesquita do cargo da presidência da Associação Distrital, também, foi o castigo aplicado ao treinador Paulo Autuori, após o jogo das Antas perante o FC Porto.

Na verdade, nessa temporada de 1989/90, andava o Vitória de vento em popa no Campeonato. Sem perder há catorze partidas, deslocou-se ao reduto dos Azuis e Brancos para discutir a liderança.

Depois de um jogo polémico por causa da arbitragem de Francisco Silva, em que o empate a um, graças ao golo de Chiquinho permitiu aos vitorianos manter a invencibilidade, houve mosquitos por cordas no seu final.

Assim, segundo conta quem viu, o treinador vitoriano, Paulo Autuori, dirigiu-se ao juiz de modo exaltado, para depois aos microfones vir dizer que " O que vi neste jogo nunca tinha visto em toda a minha carreira profissional. O árbitro falhou escandalosamente em prol do FC Porto."

Com a opinião pública sempre disposta a crucificar o Vitória e os seus profissionais, o Presidente do Conselho de Arbitragem, Lourenço Pinto (afecto ao FC Porto e colocado no cargo pela AF Porto), ainda veio deitar mais achas para a fogueira, ao acusar o treinador vitoriano de ter originado "cenas indignas de serem vistas pelas criancinhas de Portugal na televisão." Tal levou a que Autuori fosse mesmo acusado de tentativa de agressão ao árbitro algarvio, que, pouco tempo depois, haveria de ser irradiado por corrupção antes de um jogo em Penafiel.

No fogo cruzado, Autuori não se encolheu: "Querem criar-me uma imagem de monstro. É absurdo o que têm dito de mim. Posso garantir que nunca terei estado a menos de três, cinco metros de Francisco Silva, o que, desde logo, invalida qualquer propósito de agressão. Seria incapaz de agredir um animal, quanto mais um ser humano."

Porém, sabia que caso fosse provada a tentativa de agressão corria riscos de ser irradiado do futebol. Mas, como tantas vezes, tem sucedido no futebol português os julgamentos de tabacaria eram claramente precipitados. O treinador acabaria por ser condenado em, apenas, 20 dias de suspensão, acabando por dizer que "não esperava, sequer, ser castigado, mas, pelo menos, o castigo repõe a verdade quanto a essa falsidade de eu ter tentado agredir o árbitro. E aquilo que esse senhor Lourenço Pinto. disse foi muito mau para mim, foi injúria e calúnia.... A Francisco Silva disse apenas que não tinha hombridade na sua arbitragem. Posso não ir longe no futebol, mas calar-me perante injustiças, não!" E assim, a montanha pariu um rato e o treinador continuou a sua carreira que dura até aos dias de hoje!

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