AQUELA MEIA FINAL...

Terá sido das maiores desilusões vividas na história do Vitória...

A época de 1989/90 desencadeara grandes ilusões... o Vitória, treinador por Paulo Autuori, tinha estado 19 desafios sem conhecer o sabor da derrota, com Taça de Portugal incluída, o que fez os seus adeptos sonharem muito alto.

Porém, terá sido a prova rainha do futebol português a tornar essa temporada, que teve tudo para ser histórica, amarga.

Desde logo, porque ao sentir que a equipa poderia chegar ao Jamor, onde iria encontrar o Farense, na segunda divisão, o treinador brasileiro optou por descansar os jogadores titulares em vários desafios, o que fez com que se perdessem pontos que, de outra forma, provavelmente, não seriam perdidos.

Mas, também, e principalmente, porque o adversário que calhou em sorte nas meias finais, o Estrela da Amadora, era tido como acessível e de acordo às pretensões vitorianas.

Assim, naquele dia 10 de Maio de 1990, à Amadora acorreram milhares de adeptos Conquistadores, com o sonho de naquele ano o clube poder vencer, pela primeira vez, a Taça de Portugal E tal, haveria de ficar mais flamejante e intenso quando o médio ofensivo, João Baptista, adiantou a equipa no marcador. Porém, ainda antes do intervalo, os amadorenses empataram a partida, para se assistir depois a um festival de oportunidades perdidas, em especial pelo vitoriano Silvinho.

Numa altura em que os regulamentos não previam o desempate por pontapés de penalty no primeiro jogo, tudo teria de ser decidido em Guimarães, uma semana depois.

Com o jogo a disputar-se a um dia de semana à tarde, não será exagero dizer que a Cidade Berço fechou. O comércio encerrou as portas. As escolas deram dispensas aos alunos. Era um sonho que todos queriam tornar real...

Tudo parecia tomar as feições que todos queriam, quando o avançado brasileiro, Chiquinho, apareceu a cabecear na pequena área para bater Melo. Agitavam-se as bandeiras, esvoaçavam os cachecóis...era o Jamor a fazer-se perto.

Porém, a partir daí, inexplicavelmente, o Vitória perdeu fulgor. Encolheu-se, em vez de aniquilar defintivamente os homens da Reboleira. Por isso, ainda antes do intervalo, haveria de sofrer o empate.

A segunda metade da contenda seria de medo... estrategicamente sem ninguém querer arriscar, ainda que com o adversário a parecer melhor fisicamente. E assim, se chegou ao prolongamento!

Neste, aconteceu o golpe de teatro. Com o jogo embrulhado, os estrelistas, por intermédio de Basaúla, a bater Neno, haveriam de desatar o nó que atava a partida. Como suprema ironia, o facto do jogador pertencer ao Vitória, actuando no adversário por empréstimo e havendo de regressar a Guimarães no ano subsequente.

Uma traição dolorosa que matou o sonho de chegar ao Jamor e luta pelo "caneco"... para o conquistar seria necessário esperar 23 longos anos!

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