COMO PIMENTA CONSEGUIU LEVAR OS SÓCIOS A ACEITAREM UM GRANDE AUMENTO DE QUOTAS...

Estávamos na temporada de 1989/90...

O Vitória, orientado por Paulo Autuori, andava na crista da onda, fazendo os apaixonados adeptos sonharem com um inédito título.

Por isso, em vésperas de deslocação ao Porto, onde os Conquistadores iriam discutir a liderança do campeonato, realizou-se, no pavilhão do Desportivo Francisco de Holanda, uma importante assembleia-geral que tinha como objectivo um significativo aumento de quotas, aproveitando o estado de graça desportivo que a equipa de futebol ia experimentando.

Estes passavam por pagar mais duas quotas especiais, nos jogos com Boavista e FC Porto, mais cinco bilhetes especiais que deveriam ser no valor de metade da quota nas partidas perante o Portimonense, o Marítimo, o Feirense, o Nacional e o Estrela da Amadora. "Em suma, um sócio da Bancada Central, que até aqui pagava 12.000$00/ano, passara a pagar 16.500$00/ano, o que representa um aumento de 37,5%. (...) Na próxima época, todavia, um sócio da Central pagará 18.500$00, o que representa, em relação aos valores previstos, no início da época, um aumento de 56,25%."

Para conseguir aprovar a sua proposta, o presidente da Direcção, Pimenta Machado, como escreveu o Povo de Guimarães, "contou (...) uma longa história em que primeiro quase não falou nos aumentos... Referiu-se (...) ao novo estádio que vai construir no actual, com melhores bancadas, melhor visão de jogo..."

Além disso, utilizaria outros argumentos que passaram que "vejam lá, os outros clubes já sabem que o Vitória tem uma grande massa associativa, que vai a todo o lado, que o Porto já colocou os bilhetes mais baratos do próximo jogo nas Antas, a 2.000$00 ...." e "o Conselho Vitoriano, que nunca tinha dado nada ao Vitória, já vai dar 40.000 contos, para o Complexo Desportivo."

Assim, todos tinham de ajudar, ainda que "custa-me ir aos vossos bolsos, mas se querem resultados temos de pagar. Nestes dois últimos meses, já pagamos só em prémios... mas por causa do fisco, não podemos divulgar."

Por fim, os quinhentos sócios, depois do recital de Pimenta, votaram a favor o aumento das quotas, só existindo 76 votos contra e doze abstenções. Passariam, assim, a pagar onze meses de quotas e quatro quotas especiais.

Acabava o jornalista P.C. a sua crónica no Povo de Guimarães, a perguntar se "não haverá, também, uma fórmula para os governantes decretarem o aumento dos impostos em Assembleia-Geral? Era mais democrático." Diríamos nós que, para isso, o Estado tinha de marcar golos e ter um Pimenta a apresentar o programa de governo...

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