A AMOROSA...

Uma imagem absolutamente extraordinária...

O novo recinto que se construía com a Amorosa por trás, a espreitar, quase a vigiar o desenvolvimento do novo estádio.

Hoje, onde se encontra aquela bancada, encontram-se os Bairros da Nossa Senhora da Conceição bem como a Unidade de Saúde Familiar de São Nicolau.

Chegar ao recinto era algo de mítico, que a "malta" de 60 anos para cima não esquecerá. Passar pela estreita e já inexistente Ponte de Santa Luzia, que, em dias de enchente, era quase uma tarefa digna do...Indiana Jones!

Era um recinto modesto, mas cheio de paixão nas suas bancadas! A paixão vitoriana! Impulsionado pelo espírito empreendedor de Antero Henriques da Silva, na altura em que se tornou impossível continuar a jogar no Benlhevai, era a verdadeira fotografia vitoriana: modesto mas orgulhoso, simples mas capaz de se tornar um pesadelo para qualquer adversário.

As bancadas, essas, encontravam-se do lado esquerdo, com os balneários em madeira - e que iriam continuaram a ser usados nos primeiros anos do Municipal - posicionadas nas traseiras, em cada extremidade das mesmas. O do Vitória era o primeiro, na esquerda, e o do adversário do outro lado, entrando cada equipa em campo pelo seu respectivo lado.

Porém, outros pormenores remetem-nos para um tempo que não voltará mais. Assim, a água para os banhos era levada em cântaros pelo guarda do campo, conhecido pelo 18, em alusão ao seu número de bombeiro.

Destaque, ainda, para os bares. Na zona do peão, no seu ponto mais alto, existiam ainda dois locais onde os vitorianos podiam bebericar e enganar a fome.

Falemos, agora, por onde se entrava e saía. À entrada existia um parque automóvel, que, depois, teria junto de si o inesquecível Rink de patinagem, já, nesta página homenageado. Quanto às saídas, no final das contendas, abria-se uma pequena porta junto ao "Monte da Cola", para facilitar o abandono do recinto.

Inaugurado em 1946, num desafio frente ao Boavista, em que Alexandre foi o autor do primeiro golo, seria durante 19 anos a casa da equipa principal vitoriana. Durante este período, foram construídas, a todo o comprimento, do campo, novas bancadas, balneários de maior qualidade com água canalizada e, inclusivamente, recebido iluminação o que permitiu que recebesse jogos nocturnos.

A Amorosa haveria de desaparecer definitivamente em 1976, numa altura em que era utilizada para as equipas da formação treinarem e jogarem.

Porém, a construção da Urbanização da Nossa Senhora da Conceição obrigou as equipas mais jovens a actuarem em localidades circundantes e a treinarem nas áreas envolventes do relvado do estádio ou no exterior do mesmo no parque que, quando as bolas não estavam a rolar, servia de parque de estacionamento.

Para resolver esta situação, foi desencadeada, e já mencionada na página, a primeira aquisição de terrenos à “Unidade – Sociedade de Empreendimentos”, em 24 de Fevereiro de 1979, pela direcção liderada por Gil Mesquita. Nesse dia foi celebrado um contrato para adquirir os primeiros terenos pela quantia de treze milhões e seiscentos mil escudos. Este montante veio a ser liquidada por um órgão, entretanto já extinto, a “Comissão de Fundos para um Vitória Maior”, devido ao clube não ter possibilidades para libertar tais quantias.

A Amorosa, essa, apesar de ter desaparecido, ocupa um lugar único nas memórias dos vitorianos que assistiram a jogos do Vitória nela...

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