O HINO DA CIDADE - UMA OBRA DO PADRE GASPAR RORIZ...

" Oh Guimarães, teu progresso e tua vida

É toda a nossa aspiração!"

Quem nunca cantou estes versos, com a alma inundada de orgulho, por ser mais um traço identitário do Berço da Nação?

Falamos, pois, do hino da Cidade, escrito pelo Padre Gaspar Roriz em 1906, por alturas das primeiras festas Gualterianas e que haveria de, igualmente, gizar a Marcha que encerra as festas no seu último dia.

Um verdadeiro apaixonado por Guimarães, que conjugava a devoção ao divino com o engrandecimento a Deus, que nunca descurou, atendendo ao que Rosa Maria Saavedra escreveu na Revista de Guimarães de 2014/15, e que o descreveu como sendo um "orador de púlpito, detentor de uma potente e sonora voz, de uma grande expressividade, deleitava, convencia e comovia quem o ouvia."

Porém, o amor a Guimarães, como já referimos, falava sempre mais alto. Na verdade, como A.L. Carvalho escreveu quatro anos após a sua morte, no momento da sua homenagem póstuma, "a sua terra era a sua Dama. Pròdigamente se entregava a quantos lhe batiam à porta anunciando-lhe a senha: Por Guimarães. Cavaleiro andante deste amor chegou a ganhar as esporas de oiro da popularidade."

Essa dedicação faria com que se envolvesse em 1895 no ressurgimento das Nicolinas, numa altura em que pareciam que não iriam chegar ao futuro, escrevendo, inclusivamente, os textos para as Danças.

Com tamanha dedicação e imaginação, não surpreendeu que em 1906 fosse desafiado por João Fernandes de Melo, então presidente da Associação Comercial e Industrial de Guimarães, que segundo o próprio sacerdote sonhava "em realizar umas festas que tirassem Guimarães da sua apatia habitual". Este haveria de sugerir-lhe a realização de uma marcha luminosa semelhante à que se fazia em Milão, criando o número mais icónico e aguardado das festas e que, ainda, hoje é aplaudido por milhares de assistentes: a Marcha Gualteriana que viu, pela primeira vez, a luz do dia em 1907.

Nessa altura, foi entoado pela primeira vez o Hino da Cidade, numa indelével e inelutável manifestação de bairrismo que chegou aos dias de hoje, sendo um modo de afirmação de uma urbe orgulhosa do seu passado e dos seus filhos mas a querer projectar-se no futuro de modo imparável.

Acabaria por morrer a 07 de Março de 1932, tendo até esse dia, sido cronista, poeta, dramaturgo, mas, acima de tudo, um homem que tudo deu à sua Guimarães. Como prova disso, como o Comércio de Guimarães de 11 de Março desse ano escreveu, "pelo alto significado que encerrou, estiveram imponentes os funeraes que na 4ª feira se effectuaram por alma do chorado vimaranense e nosso nunca esquecido amigo o Padre Gaspar Costa Roriz. Raras vezes Guimarães assiste a uma manifestação tão expontanea e comovente em honra d'um nome que se formou por si, e que por Guimarães e pelo seu povo tudo sacrificou." Um epitáfio digno de um dos maiores do seu tempo e que mereceu entrar na eternidade, dizemos nós...

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