O CONDE DE MARGARIDE... UM DOS VIMARANENSES MAIS FAMOSOS DO SEU TEMPO E QUE, FRUTO DE QUESTÃO BRÁCARO-VIMARANENSE, NÃO MAIS SE DIRIGIU À CIDADE VIZINHA, MAS QUE AJUDOU A RESOLVER TAL IMBRÓGLIO!

Numa das fotografias que apresentamos a ilustrar estas linhas, está a casa do Carmo.

Situada no Largo com o mesmo nome, foi a residência de Luís Cardoso Martins da Costa Macedo, um dos vimaranenses mais famosos do seu tempo. Era o Conde de Margaride, que, ainda hoje, é recordado pelos vimaranenses em por questões topográficas. Na verdade, uma das artérias mais movimentadas da cidade leva o seu nome numa merecida homenagem e que se encontra na outra fotografia entre Joaquim José de Meira e José Minotes.

Naquela habitação, ainda, hoje existente, ainda que afecta a outros fins, foram recebidas por, várias vezes, três famílias reais portugueses, encabeçadas, respectivamente, por D. Luís, D. Carlos I e D. Manuel II. No fundo, era, simplesmente, a demonstração do carácter nobiliárquico de um homem que, além disso, destacou-se em diversos cargos públicos como governador civil de Braga, mas, também, do Porto.

Interventivo e sempre a procurar prover o progresso vimaranense, esteve envolvido na criação da ligação de caminho ferro entre a Cidade Berço e a Trofa.

Porém, onde mais se terá destacado foi a forma como reagiu à já citada questão brácaro-vimaranense, que fez com que os vimaranenses pretendessem abandonar o distrito a que ainda hoje pertencem, para passarem a ser administrados pelo Porto.

Valerá a pena recordar a história, todavia já contada nesta página. Estávamos em 1886 e os vimaranenses lamentavam-se de ter um reduzido benefícios dos impostos que pagavam, queixando-se que Braga ficava-lhes com dois terços da sua derrama municipal. Porém, o conflito atingiria o seu apogeu quando um conjunto de procuradores da cidade vimaranense foi à cidade vizinha discutir orçamento, colocando reservas sobre o modo de financiamento e introdução de algumas cadeiras científicas no Liceu de Braga, bem como impugnaram algumas verbas tidas como escandalosas que surgiram e, ainda, uma acta que não estava de acordo com os factos que se tinham passado.

Foram, de imediato, apontados à população que se encontrava na rua, o que originou inúmeros insultos, ameaças, tentativas de agressão, o que fez com que o Conde, após ter regressado à Cidade-Berço, assumisse não querer voltar outra vez à cidade vizinha, o que originou uma curiosa retaliação em Braga. Assim, depois dos festejos de Carnaval na cidade vizinha passou a ser atirado um boneco ao rio, que mais não é o herói destas linhas.

Todavia, como referiu o periódico O Entusiasta de 28 de Novembro de 1886, " Mas, à quelque chose malheur est bon: o crime da população de Braga exaltou a de Guimarães, reacendeu os brios patrióticos de quasi todos os vimaranenses..." tornando aquela causa algo de comum!

Porém, apesar dos problemas, os vimaranenses teriam o pretendido. Como escreveu o jornal O Enthusiasta de 02 de Janeiro de 1887, "a necessidade de repelir uma affronta humilhante; a conveniência de presumir a sua repetição, impellio-nos o ardor, que era commum a todos os vimaranenses com a dedicação que nunca nos falleceu."

Esta dedicação, como referido jornal de 09 de Janeiro desse ano, alude, seria compensada com "a organisação especial do concelho", conducente à sua completa autonomia de Braga. Assim, Guimarães passava a seguir o modelo administrativo de Lisboa, não tendo que pagar para o distrito qualquer quantia, nem tendo os procuradores necessidade de tomar parte nas sessões da Junta Geral, acabando deste modo, completamente a tutela desta sobre a Câmara e as Juntas de Paróquia do concelho.

Um vimaranense ilustre libertava Guimarães do jugo administrativo e financeira da cidade vizinha...

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