Aquela temporada de 1952/53 estava a correr tudo menos bem para o Vitória.
Na verdade, seria o ano em que, pela primeira vez, os Conquistadores seriam orientados por três treinadores, com Peics e o lendário Alberto Augusto a não conseguirem dar estabilidade à equipa e Cândido Tavares a ser o senhor encarregue da salvação da equipa.
Como prova dessa dificuldade em somar resultados positivos, poderemos dizer que a equipa na primeira volta do campeonato, apenas triunfou por duas vezes, em casa perante o Estoril e o Boavista, estando por isso em último lugar na viragem para a segunda fase do campeonato com, apenas, seis pontos.
Pior ainda haveria de ficar com a pesada derrota por seis bolas sem resposta no Porto na primeira jornada dessa segunda volta, que se temia penosa, caso não houvesse um volte-face. Atento a isso, aquele jogo com o Barreirense, disputado no dia 01 de Fevereiro de 1953, era tido como decisivo.
Tão decisivo a ponto de no jornal Notícias de Guimarães, que saiu para as bancas no dia da partida, fazer-se uma curiosa exortação aos desportistas vimaranenses:
"Aos Desportistas Vimaranenses
O Vitória defronta hoje na Amorosa, a equipe de honra do Barreirense, em jogo a contar para o Campeonato Nacional da Primeira Divisão.
Este encontro, como aliás todos os outros que vão seguir-se no nosso campo, é de capital importância para a classificação do Clube Vimaranense, que precisa de totalizar pontos para se poder manter na honrosa posição a que ascendeu por mérito próprio, há mais de uma dezena de anos.
Ora, o encontro de hoje não sendo considerado dos mais difíceis, precisa, todavia, de ser encarado com a máxima cautela, exigindo dos nossos jogadores que ponham na luta toda a sua boa vontade, todo o seu entusiasmo e saber.
É isso que vai acontecer temos a certeza!
Mas, para tanto, necessário se torna que todos os vimaranenses que se desloquem à Amorosa, saibam incitar esses moços constantemente, entusiasticamente, ajudando-os assim a ganhar um jogo do qual pode depender a permanência do nosso glorioso Clube entre os grupos da I Divisão.
Pelo Vitória, pois!"
Assim, nesse dia, entraram em campo Silva; Lourenço, Cerqueira, Costa; Rebelo, José da Costa; Nuno, Cesário, Caraça, Lara e Franklim, cuja exibição "não agradou, o que em parte é compreensível pelo desejo de triunfo que a todos animava e os arrastou inconscientemente a deixarem que o nervo se sobrepusesse ao cérebro."
Apesar disso, "o encontro valeu pela alta emotividade que se revestiu, resultante do desejo de triunfo e da morosidade deste em aparecer - ambiente que dominava um público receoso e esperançado de ver surgir o tento que seria o derruir das suas esperanças ou a ovação triunfar a aliviar-lhe os nervos saturados."
Nesse sentimento de dúvida, seria o Vitória a ser feliz graças a um tento de Caraça "que deu o triunfo indispensável, realizando exibição de mérito no que respeita a espírito de luta. Mas continua a não dar aos lances a devida finalização."
Contudo, o Vitória vencia, respirava melhor, faria uma segunda volta de melhor nível e haveria de garantir a manutenção num dramático desafio perante o SC Braga, como já aqui contamos...