COMO SURGIU E FOI RESOLVIDA A MAIOR CRISE DIRECTIVA DA HISTÓRIA DO CLUBE... E ONDE, DURANTE A MESMA, TODOS OS PROBLEMAS SURGIRAM!

A temporada de 1961/62 no Vitória não estava a ter o mesmo brilhantismo que na anterior houvera sido alcançado.

Com a equipa com dificuldades em manter-se na parte alta da tabela, com o treinador Artur Quaresma a envolver-se em conflitos com o plantel, em especial com Ernesto Paraíso, a situação parecia assemelhar-se a uma bomba relógio pronta a deflagrar.

Estouraria no início de Fevereiro de 1962, quando o presidente Casimiro Coelho Lima anunciou a vontade de demitir-se, declarando que iria efectivar essa decisão na Assembleia-Geral seguinte. Esta haveria de se realizar na semana seguinte e, apesar do presidente da direcção não se encontrar presente por problemas de saúde, era opinião unânime que o Vitória encontrava-se bem servido no que tocava a órgão sociais. Mais do que isso, segundo o jornal Notícias de Guimarães datado de 09 de Fevereiro de 1962, "como não foi apresentada nenhuma lista, foi sugerido que fosse eleita a Direcção cessante, o que não se fez, por o seu presidente não desejar continuar à frente dos destinos do Clube vimaranense." O problema da sucessão, por isso, permanecia, tendo sido resolvido momentaneamente por Diamantino Mourão que apresentou uma proposta em que "foi indicada uma Comissão composta pelos Presidentes da Assembleia-Geral, Direcção, Conselho Fiscal e Conselho Geral que elaborarão a lista a eleger e que deverá ser apresentada em Assembleia-Geral."

Nessa reunião magna tudo foi feito para o demover do propósito de abandonar o clube, contudo, como escreveu o Comércio de Guimarães de 23 de Fevereiro do já referido ano, "não houve, no entanto, quem o demovesse do propósito de abandonar o seu Clube.” Por isso, urgia tomar alguma decisão, que haveria de passar por marcar-se "com urgência, nova reunião do Conselho Geral do Clube, a fim deste conseguir organizar a lista dos futuros Directores do mesmo. Entretanto, e para que este não sofra desequilíbrio, a Direcção cessante com exclusão do seu Presidente, continua no seu posto, até que seja rendida."

Porém, o clima ainda haveria de ficar em maior ebulição, com a demissão do treinador Artur Quaresma, após uma derrota caseira perante o Sporting. O técnico que já havia manifestado o desejo de abandonar a equipa caso o presidente se demitisse, concretizou tal propósito, considerando o Comércio de Guimarães que "a situação do clube devia merecer ao seu treinador o necessário interesse para o ajudar a livrar-se da posição em que se encontra. Fossem quais fossem os motivos alegados."

Sem presidente e sem treinador e com a equipa afundada na tabela classificativa, o cenário parecia insustentável! Para começar a resolvê-lo, foi escolhido para treinador, o, ainda, jogador Rola que haveria de ter papel decisivo na manutenção da equipa. Porém, os problemas acumulavam-se, levando a que no Comércio de Guimarães de 06 de Abril desse ano, "os directores do Vitória S. Clube, em exercício para garantir a sua continuidade, (...), vêm-se forçados a recorrer, para tal, à colaboração da massa associativa, através do pagamento da quota nº4, referente ao corrente mês de Abril, para o jogo de Domingo com o Sporting Clube da Covilhã..." A situação era, pois, dramática!

Felizmente, tudo se resolveria pelo fim da época. Graças ao triunfo perante o FC Porto a equipa conseguiria uma sofrida manutenção. Quase de seguida, venderia os jogadores Pedras e Augusto Silva para o Benfica, conseguindo algum desafogo financeiro e receber alguns jogadores que seriam determinantes para os anos seguintes. Consequência disso, ou simplesmente pela necessidade de regularizar a sua situação directiva, o Comércio de Guimarães de 27 de Julho de 1962, noticiava que "estabeleceu-se um animado colóquio entre alguns associados e a direcção até que se concordou em eleger uma nova Comissão Administrativa que ficou composta pelos srs. Hélder Raúl de Lemos Rocha, Altino Dias Pereira, António Figueiredo, Belmiro Jordão, Camilo Cintra Penafort, Celso Rui Guedes Machado e Fernando José Sequeira Roriz." O Vitória resolvia, finalmente, a mais longa crise directiva da sua história...

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