O COMBOIO BRANCO ATÉ LISBOA...

O Vitória na temporada 1980/81 dava azo a todas as esperanças.

Treinado pelo melhor treinador português da altura, José Maria Pedroto, coadjuvado por Artur Jorge e António Morais, com jogadores da estirpe do guarda-redes Vítor Damas, do médio brasileiro Nivaldo, ou do neerlandês, apodado de sucessor de Johan Cruyff, Blanker, a esperança andava em alta.

Mais ficaria após uma goleada em casa ao eterno rival SC Braga, por cinco bolas sem resposta, num dia em que os golos de Festas, Mundinho, Ferreira da Costa e um bis de Blanker deram azo a todos os sonhos.

Guimarães, como tantas vezes acontece, andava embevecida com o Vitória. Todos faziam projectos, cálculos de resultados e prometiam estar presentes na próxima deslocação, a 23 de Novembro de 1980, no estádio da Luz, frente a um Benfica, repleto de internacionais portugueses.

Para isso ser possível, numa altura em que auto-estradas em Portugal ainda eram uma miragem, foi fretado um comboio em que a esperança, o amor e o apoio ao Vitória vestiu-se de branco. Ficou, de imediato, baptizado como o "Comboio Branco".

Foram milhares que apoiaram a equipa orientada por Pedroto em Lisboa, que haveria de ser derrotada por duas bolas a zero, graças ao bis de João Alves... e uma arbitragem muito caseira do árbitro Alder Dante, um velho conhecido vitoriano no que tocava a prejudicar o clube nos desafios contra os mais fortes.

A confirmar isso, bastará atentar no pedaço de prosa vertido no Notícias de Guimarães: “ Na presença de setenta mil pessoas, o Vitória deu um autêntico recital de bom futebol, conseguindo a suprema honra de silenciar o público do terceiro anel... O júri, neste, como em tantos outos , já que prejudicou de forma clara e acintosa a melhor equipa no terreno que, como em toda a crítica da especialidade aponta, foi de forma insofismável, a do Vitória...”

O Vitória tropeçava por factos externos, mas o orgulho vitoriano estava nos píncaros. Porém, uma derrota perto do final frente ao Boavista (o rival classificativo de sempre, com vários casos de disputa ombro a ombro desde os anos 50), faria o clube ter de contentar com o quinto posto, que na altura não era sinónimo de apuramento para as competições europeias.

Mas quem viajou naquele comboio, jamais o esquecerá...

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