A ideia do ciclismo no Vitória remete-nos imediatamente para o início do mandato de Vítor Magalhães em 2004. Com efeito, durante um par de anos, em pareceria com a ASC, as cores vitorianas rodaram nas estradas portuguesas e internacionais.
Porém, muito antes disso, e com maior sucesso, o ciclismo fez os vitorianos saírem às ruas e irem para as estradas acompanharem e apoiarem os seus heróis.
Assim, estávamos em 1985 e o presidente-adjunto de Pimenta Machado, António Domingos, lançou o desafio: constituir uma equipa de ciclismo. A condição para a mesma existir era a basilar para todas as modalidades, naquela altura: ser auto-sustentável, algo que o ideólogo da equipa garantiu, em entrevista ao jornal do clube, ser possível, fazendo a equipa correr com o nome do clube, mas sem encargos para este e orientada por Mário Miranda. Apenas solicitou poder angariar fundos junto dos vitorianos que gostassem da modalidade, para suportar as despesas desta.
Assim, o Vitória com uma equipa constituída por nomes como Manuel Zeferino, Manuel Martins, Marino Fonseca e um muito jovem, e grande esperança da equipa, o malogrado Manuel Abreu (aqui retratado na fotografia) começou a dar cartas pelas estradas nacionais.
Como destaque, o facto de Joaquim Fonseca ter andado de amarelo em Espanha, na 24ª Volta a Navarra, Manuel Abreu ter vencido uma etapa no Grande Prémio Jornal de Notícias, outra no II Grande Prémio de Setúbal, entre outros resultados.
Porém, o maior objectivo era a participação na 47ª Volta a Portugal, em que se tentou, inclusivamente, fazer com que Acácio da Silva, o melhor ciclista português de então, corresse de Rei ao peito. Não se conseguiu, mas Manuel Zeferino fez os vitorianos sonharem com triunfo final, ao findar a prova no 4º posto da classificação geral individual, tendo a etapa do Monte da Nossa Senhora da Graça, tantas vezes decisiva, aniquilado as perspectivas de ir mais além. Quanto a etapas, Manuel Abreu haveria de conseguir vencer a que ligou Mondim de Basto a Viana do Castelo, num momento de grande júbilo para todos os vitorianos.
Porém, depois da bonança, viria a tempestade. António Domingos desentender-se-ia com Pimenta Machado, depois de ter levantado um cheque de dois mil e duzentos contos na altura (10400 euros, hoje) para pagar as despesas da modalidade, sem dar conhecimento aos outros elementos da direcção. Apesar de não pretender locupletar-se com tal quantia, tal foi a "gota que fez transbordar o copo do ciclismo"! A modalidade deixava de ser praticada, até aos tempos de Vítor Magalhães.