O CAMBALACHO ENTRE BOAVISTA E PORTO QUE MANDOU O VITÓRIA PARA A SEGUNDA DIVISÃO

A primeira, das duas descidas de divisão que os Conquistadores tiveram de enfrentar, deveu-se a um cambalacho entre FC Porto e os axadrezados que manteve estes últimos na Primeira Divisão, em detrimento do Vitória.

Estávamos, pois, na temporada de 1954/55 e o Vitória houvera apostado forte com a contratação ao Sporting do treinador campeão nacional, Galloway. Contudo tudo correu mal e o Vitória chegou às últimas jornadas em risco de despromoção.

Todavia, havia a esperança fundada de salvação, sendo que para isso suceder a equipa vitoriana tinha de vencer, em casa, a Académica e esperar que o FC Porto fosse triunfar ao terreno do Boavista, sendo os azuis e brancos claros favoritos a vencer a partida.

O Vitória haveria de cumprir a sua obrigação ao triunfar por duas bolas a uma, com golo de Miguel e de Lutero. Porém, do Bessa, chegou uma inesperada notícia. A equipa axadrezada tinha ganho por cinco bolas a duas, fugindo ao último posto, que passou a pertença dos Conquistadores que assim desciam à Segunda Divisão.

Todo o país ficou boquiaberto com o resultado, ainda para mais, pelo facto dos portistas contarem no sector defensivo com quatro internacionais portugueses. A explicação, essa, chegou rápido com os comentadores a aludirem ao desleixo e à negligência com que estes jogadores actuaram.

Valerá a pena citar o Comércio de Guimarães da altura: "Anda o Vitória há longos anos no Nacional, tem tido épocas felizes e épocas de dificuldades, nunca porém o seu nome ficou maculado pela dúvida do mau desportivismo. Por isso, neste momento (...) precisamos de ver bem esclarecido o fenómeno do Bessa.”

Com a polémica a atingir o zénite, a FPF pediu ajuda à Polícia Judiciária para investigar o sucedido. Tal, aliado ao facto do FC Porto ter aberto um inquérito aos seus jogadores, que culminou em multas pecuniárias e na dispensa do guardião Barrigana, levou a que em Guimarães se acreditasse na manutenção, através da disputa da Liguilha com o apurado da Segunda Divisão.

Porém, outros interesses moveram-se. Assim, o “despacho superior, publicado na conclusão do inquérito, foi elucidativo. “Concordo com as conclusões da Polícia Judiciária. Aplico ao capitão-geral do Boavista F.C., António Manuel Rodrigues da Costa, a pena de irradiação, como o pagamento das custas do processo. Considero o Boavista responsável solidariamente pelo pagamento destas custas.”

Apesar do Boavista ter tido o capitão irradiado, a única pena que sofreu passou por pagar as custas do processo...prejudicando, claramente, o Vitória, que viu-se na contingência de ter de disputar, de modo injusto e vítima de uma "artistice" a Segunda Divisão.

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