"- Não, não sou português, sou mais do que isso, sou de Guimarães! Com efeito, sou de uma pátria pequenina e sólida chamada Guimarães (...) O resto, meus velhos amigos, é a fronteira de um outro mundo.”
Uma frase que qualquer vimaranense recitará com o peito cheio de orgulho, em qualquer parte do país, do mundo... uma condição que nos faz sentir-nos únicos, especiais, diferentes.
A certeza de que quem nasce no Berço da Nação fica indissoluvelmente ligado a ela...mesmo que calcorreie o mundo, que durante anos não possa ver a Penha do Toural, sentar-se na Oliveira, entrar no Estádio D, Afonso Henriques.
Esse momento de sublime inspiração pertenceu a Joaquim Novais Teixeira, levou o nome de Guimarães, através da arte e da cultura, aos quatro cantos do mundo. Na verdade, foi poeta, jornalista, tradutor, enciclopedista, cinéfilo, teatrólogo, crítico de arte.
Porém, mais do que isso e que distingue quem sente Guimarães de quem vive em outras cidades, o facto de ter vivido mais de 50 anos fora de Portugal, fruto da perseguição fascista, mas jamais ter cortado o elo de ligação à terra que o viu nascer, e que o fazia em Madrid, Paris ou no Rio de Janeiro, cidades que calcorreou e onde estabeleceu contactos e amizades, dizer com orgulho: "Sou de Guimarães!"
Como realce dos seus feitos no estrangeiro, 3m 1952, foi convidado para integrar o júri do prestigiado Festival de Cinema de Cannes, e dois anos depois foi convidado a organizar a representação estrangeira do Festival Internacional de São Paulo.
A reputação profissional conquistada junto dos colegas de profissão e o seu activismo político permitiram que presidisse à direcção da Fédération Internationale de la Presse Cinématographique (FIPRESCI).
Haveria de regressar a Portugal em 1958 pela porta grande como um prestigiado jornalista e promotor da cultura portuguesa além fronteiras, acabando por morrer em 1972! Sempre levando o nome de Guimarães o mais alto possível, sempre demonstrando um enorme orgulho de pertencer à pátria pequenina e sólida como lhe gostava de chamar e que ainda hoje adoramos citar, ou como na sinopse do filme, O Fantasma do Novais, realizado pela RTP, foi escrito "Um homem do mundo, de excecional carácter e inteligência, um sedutor, um homem de princípios, comprometido, independente e confiável. Do Novais Teixeira assim fala gente como Júlio Pomar, Eduardo Lourenço, o filho de Luis Buñuel, Teresa Ricou, ou António da Cunha Telles. Influente crítico de cinema e amigo das principais figuras da cultura do seu tempo, Novais Teixeira viveu entre Espanha, Brasil e França num exílio forçado."