Já aqui se escreveu que a relação com os adeptos portista sempre foi tumultuosa, pautada por desentendimentos vários. Desentendimentos esses, muitas vezes, ocasionados pelo modo sobranceiro como os adeptos portistas (e portuenses) viajavam até Guimarães.
Assim, na década de 40, altura em que o Vitória chegou à Primeira Divisão, era tradição, numa altura em que o uso do automóvel ainda não se tinha generalizado, os adeptos do clube azul e branco viajarem até ao Berço da Nação de comboio.
Eram dias em que a habitual tranquilidade da urbe vimaranense, por aqueles tempos, se esbatia. As ruas, os cafés, as tabernas ficavam a transbordar de gente à espera do desafio, garantindo bom negócio ao comércio.
A partir do início do jogo, o ambiente escaldava. Não raras vezes, a partida era acompanhada por cenas de pancadaria, que se prolongava para lá do jogo.
Após o final deste, o Toural, ponto de passagem dos adeptos adversários rumo à estação, era ponto crítico. Os portistas, do alto da sua soberba, atiravam piropos e procuravam humilhar os vimaranenses e vitorianos chamando-os de "provincianos".
Porém, em Guimarães, nunca alguém ficou, fica ou ficará a rir-se. Assim, dessas histórias duas chegaram a estes tempos.
Com efeito, conta-se que no final de uma dessas partidas, um adepto do clube da Invicta, já bem entrado na bebida, em frente ao café Mourão, divertia-se a imitar uma passagem de eléctricos. Fazia-o, imitando um sinaleiro e dizendo: "Este é para aqui, este vai para acolá..." Um vitoriano, cansado daquela brincadeira, não foi de meias medidas, ainda para mais estando com o sangue a ferver pelos Conquistadores terem perdido. Dirigiu-se ao imitador, assestou-lhe um valente soco que o libertou de alguns dentes e disse-lhe: "Este vai para a linha 9, seu filho da p..."
Outra história que se conta é daquele que se dirigiu a um taxista no Toural e perguntou-lhe, com toda a desfaçatez, onde se adquiriam bilhetes para o eléctrico. O taxista, vitoriano dos sete costados, saiu do seu automóvel e, aos gritos, de "seu badameco de m...", aplicou-lhe o desejado "bilhete" no nariz, deixando-o estendido.
O Toural era, pois, um verdadeiro ponto de encontro onde os conflitos surgiam...em Guimarães, o respeito ao Vitória e aos vimaranenses sempre foi exigido!