Estávamos a 31 de Maio de 1942.
O Vitória vivia a sua primeira experiência no principal escalão do futebol português, procurando ser competitivo no campeonato. Porém, a verdade é que depois do inesquecível êxito perante a Olhanense na jornada inaugural, só à oitava jornada os vitorianos conseguiriam triunfar perante o Carcavelinhos por três golos sem resposta.
Contudo, quando a equipa vitoriana recebeu o Benfica à vigésima jornada do campeonato, a adaptação à nova prova já houvera sido realizada e na antepenúltima jornada do campeonato, os Conquistadores já podiam considerar ter dado boa resposta de si.
Assim, a alinhar com Machado; Lino, João; Castelo, José Maria, Zeferino; Laureta, Miguel, Ferraz, Bravo e Alexandre, o Vitória, para além da valia do adversário, teve de enfrentar outro adversário; o árbitro, de nome Domingos Miranda.
Como escreveu o Notícias de Guimarães, com data de 07 de Junho de 1942, "a luta travada entre vimaranenses e lisbonenses, perante uma das maiores assistências da temporada, foi entusiástica e empolgante enquanto um grave e imperdoável erro cometido pelo juiz do campo a ofuscou."
Porém, ainda antes disso, o Vitória houvera conseguido adiantar-se no marcador, graças a um tento de Alexandre de grande penalidade, que haveria de fixar o resultado ao intervalo da contenda.
Porém, na segunda parte, aconteceria o caso que haveria de entrar na história. Assim, "Miguel, obrigou o guarda-redes lisboeta a executar uma defesa, mas a bola foi captada, nitidamente. dentro da baliza, junto à rede lateral." Era facilmente aferível que houvera sido golo, mas "o sr. Domingos Miranda, árbitro do encontro, depois de ter apitado para a bola ir ao centro, fazendo com o braço o respectivo gesto, resolveu, acto contínuo, não sabemos por que artes e perante a surpresa de toda a gente, não manter a confirmação do tento..."
Tal levou a que o público protestasse de modo enérgico, ficando a partida interrompida durante quatro minutos, pois "o juiz de linha, em digno desacordo, com o era e não era do Sr. Miranda, ter abandonado o lugar que estava desempenhando com todo o acerto."
Esta decisão levaria ao completo desnorte vitoriano, pois, "teve nefasta influência no espírito dos jogadores locais, que afrouxaram o ânimo que vinham revelando, consentindo que o Benfica tomasse certo ascendente durante o resto do encontro. E foi assim que um só homem mudou a sorte do jogo, contribuindo para o triunfo da equipe que dele foi menos digna. Sim! Porque o Vitória não merecia a derrota..."
Como tantas vezes haveria de suceder no futuro a justiça do jogo e factos extrínsecos à partida, decidiam o desafio contra a equipa lisboeta...