CRONOLOGIA DE VINTE E CINCO ANOS (QUE PODIAM TER SIDO MAIS FÁCEIS...)

Para reflectir e para não serem cometidos os erros do passado, deixamos aqui a cronologia dos 25 anos do presente milénio.

Um período de convulsão em que o Vitória terá dado passos infrutíferos e que importará absorver para não repetir.

Não pretendemos ser polémicos, nem críticos...simplesmente relembrar o que sucedeu para crescermos!

2000 - Vitória, depois de andar grande parte do campeonato no quarto posto, resvala com Quinito que entra em conflito com Pimenta Machado e não acaba a época. O Vitória falha a Europa. O presidente em exercício ganha as eleições a José Arantes e promete a constituição de uma SAD com um capital social de 2 milhões de contos. O Vitória ficaria a controlá-la em conjunto com a autarquia, mas o processo jamais iria em frentes.

2001 - A aposta em Paulo Autuori revela-se um fiasco. O brasileiro não termina a época, o Vitória tem três treinadores, salvando-se da despromoção no último jogo com Augusto Inácio ao leme.

2002- Começam os problemas judiciais de Pimenta Machado. O negócio da venda de Fernando Meira para o Benfica é alvo de inquérito judicial e o saco azul começa a ser investigado. Para piorar as coisas, Pimenta é detido para primeiro interrogatório judicial, saindo com uma caução record. A Assembleia dos Capangas marca negativamente a história do clube.

2003 - Problemas com a arbitragem, com várias partidas em que o Vitória foi severamente prejudicado,levam os juizes a vetar os jogos vitorianos.Os resultados da primeira parte da temporada de 2003/04 levam ao despedimento de Augusto Inácio. Pimenta, apesar dos problemas judiciais, que já o atormentavam ganha, pela última vez, umas eleições, para um mandato em que resignou um ano depois.

2004 - Agónico final de temporada 2003/04 em que o Vitória se salva da descida de divisão por uma conjugação positiva de resultados. O último jogo, numa decisão peregrina, frente ao Sporting, seria disputado à porta fechada. Pimenta, no final da temporada, bate com a porta sendo eleito Vítor Magalhães.

2005 - Primeiro ano de administração de Vítor Magalhães pautado pela tranquilidade, mas com muitas críticas ao trabalho do treinador Manuel Machado. Chegou mesmo a demitir-se, após a eliminação da Taça de Portugal em Setúbal, para voltar atrás.

2006 - O treinador escolhido para substituir Machado, Jaime Pacheco, foi um D. Sebastião infeliz. Nunca conseguiria colocar a equipa nos trilhos, acabando por ser substituído por Vítor Pontes. Depois de 48 anos na Primeira Divisão, o Vitória descia de divisão, perante um estádio em lágrimas, frente ao Estrela da Amadora. Apesar disso, em Assembleia-Geral para dar confiança à direcção, os sócios deliberam que Vítor Magalhães deveria continuar à frente do clube.

2007 - O Vitória regressa à Primeira Divisão, já com Manuel Cajuda a treinador e Emílio Macedo da Silva a presidente, depois de Vítor Magalhães anunciar não pretender recandidatar-se para novo mandato. O ano do regresso seria, também, o ano em que a equipa conseguiria a sua melhor classificação ao conseguir um terceiro lugar que lhe permtiu entrar na Liga dos Campeões.

2008 - Fruto do processo Apito Dourado, Emílio resolveu entrar numa guerra judicial em que nada ganhou. Pelo contrário, perdeu poder e influência que, provavelmente, hoje o clube ainda sente essa falta.

2009 - Cajuda é despedido, depois de ter sido chamado do Algarve para esclarecer uma polémica entrevista. Para o seu lugar entra Paulo Sérgio, depois de Nelo Vingada ter começado a época e sido um verdadeiro flop, que, por ter uma série de resultados interessantes, é seduzido e contratado pelo Sporting. Foi apresentado pelos Leões na sala de imprensa do Vitória, quando os Conquistadores ainda lutavam com este clube pelo quarto lugar. Foi, também, o ano em que os problemas financeiros começaram a surgir, obrigando Emílio Macedo da Silva a vender lugares que eram de adeptos vitorianos a apoiantes do Benfica.

2010 - Apesar dos problemas, Emílio é reeleito para novo mandato. Além disso, ainda é obrigado a suportar as insinuações que a sua lista houvera sido realizada com o aval da Câmara.

O Vitória faz a venda maior da sua história, quando cede Bebé ao Manchester United por 10 milhões de euros, ainda que o clube só tenha recebido 5,4 milhões. Pelo menos, chega novamente ao Jamor e conquista o apuramento europeu.

2011 - O treinador Manuel Machado sai, praticamente, no início da temporada, após a eliminação no play-off da Liga Europa. Para o seu lugar entra Rui Vitória que, no primeiro treino, tem, de suportar uma invasão dos adeptos para agredirem o jogador Faouzi. Os problemas financeiros agudizam-se e a direcção de Emílio é alvo de manifestações e críticas.

2012 - O início de 2012 traz a demissão de Emílio Macedo da Silva que, após tentar criar uma SAD, e com várias recolhas de assinaturas para ser marcada uma Assembleia-Geral resigna. Marcam-se eleições que Júlio Mendes vence com a promessa de constituir uma SAD. Porém, seriam os planos de negociação a salvar o clube da temível bancarrota...

2013 - O ano mais feliz da história vitoriana. O da conquista da Taça de Portugal! Porém, seria imediatamente o do desmantelamento da equipa que vendeu pérolas ao preço de chumbo. Nomes como Ricardo, Soudani, Tiago Rodrigues e Baldé partiram do Vitória abaixo do preço justo. Entretanto, foi constituída a SAD do clube, com a maioria do capital a ficar na posse de Mário Ferreira, um luso sul-africano, simplesmente conhecido dos homens da administração. As viagens de Mendes ao Dubai, Rússia e Estados Unidos para encontrar um investidor em nada tinham dado.

2014 - O Vitória passou a vestir Nike e a usar o patrocínio de BK na camisola. BK que queria dizer Bento Kangamba, uma personagem polémica com diversos processos judiciais em que era arguido e mandados internacionais de detenção. Júlio Mendes parece deixar o Vitória para segundo plano ao tentar ser presidente da Liga de clubes.

2015 - Júlio Mendes é eleito para um segundo mandato, sem oposição. Vive um ano de relativa acalmia conseguindo apurar-se para as competições europeias e rentabilizar jogadores e o treinador Rui Vitória.

2016 - O Vitória sofre uma das maior humilhações europeias da sua história ao ser eliminado na pré-eliminatória da Liga Europa, pelos austríacos do Altach. O treinador escolhido para substituir Rui Vitória, Armando Evangelista, apesar de ter aguentado mais alguns jogos, ficava com o destino traçado. Seria substituído pouco depois por Sérgio Conceição que, no ano anterior, ao serviço do eterno rival houvera desencadeado grande polémica com algumas afirmações contra o Vitória.

2017 - A aposta no treinador Pedro Martins é um êxito. O Vitória fica, novamente, à frente do eterno rival na tabela, conseguindo o quarto posto. Chega, novamente, à final da Taça, perdida perante o Benfica. Contudo, Júlio Mendes não cuida do futuro e de substituir devidamente os emprestados Bernard, Marega e Hernâni, bem como os vendidos Bruno Gaspar e Josué. Apesar de referir ter feito o maior investimento da história, o Vitória aposta em nomes como Victor Garcia, Jubal, Rincón ou Tallo... os resultados não aparecem...

2018 - O ano da maior humilhação de sempre no D. Afonso Henriques perante o eterno rival. Seria, Porém, isso não impediu que, nas mais disputadas eleições de sempre da história do clube, Mendes triunfasse sobre o seu homónimo Vieira de Castro. Começava a perceber-se a existência de divergências entre Mário Ferreira, o dono da SAD e o presidente do clube.

Seria, também, o ano em que, surpreendentemente, em Assembleia-Geral extraordinária, tentou-se desblindar a SAD, removendo algumas garantias do clube para beneficiar a entrada de administradores. A proposta seria retirada pela indignação dos sócios.

2019 - O derradeiro ano de Júlio Mendes à frente do clube. Após ter conquistado o quinto posto em Moreira de Cónegos, surpreendentemente, apresentou a demissão. Abrir-se-ia um processo eleitoral que levaria Miguel Pinto Lisboa ao poder com a promessa de adquirir a SAD a Mário Ferreira.

2020 - No ano da pandemia, o Vitória valorizou os seus activos na Liga Europa. Por isso, Tapsoba tornou-se na maior venda de sempre do clube. Porém, nem por isso, as contas ficaram saneadas.

Foi, também, o ano da compra das acções a Mário Ferreira para o clube tornar-se accionista maioritário, num processo posteriormente resolvido.

2021 - Já numa Assembleia pós-pandemia viria a saber-se que Júlio Mendes e Armando Marques, administradores da SAD, tinham colocado o anterior accionista maioritário em tribunal por não ter aceite vender a sua participação a uma sociedade brasileira.

Além disso, os problemas financeiros do clube voltavam a ser notícia.

2022 - Pela primeira vez, fala-se da possibilidade da VSports entrar no capital social vitoriano, ainda com Miguel Pinto Lisboa na liderança do clube. Liderança que seria perdida logo em Março desse ano, para António Miguel Cardoso. Uma das primeiras medidas deste passava por abrir o capital social da SAD aos associados de modo a que ficassem "um pouco" donos do clube e com esse montante pagar o que estava em falta a Mário Ferreira. Nunca o faria.

O ano ficaria marcado pelo despedimento do treinador Pepa, ainda antes do campeonato começar, por estar "desalinhado com o projecto da direcção"... Quase de seguida surgem as primeiras partidas na direcção, com o vice-presidente Diogo Leite Ribeiro a demitir-se. Com ele, partem André Pereira e Ricardo Almeida.

2023 - Não foi com Pinto Lisboa, mas foi com Cardoso. O presidente eleito assina parte da venda das acções à VSports, num negócio que não saiu como esperava. Na verdade, fruto de imposições da UEFA, a possibilidade de intervenção do parceiro foi drasticamente reduzido, permitindo, apenas, resolver o "problema Mário Ferreira". Contudo, abriria a porta à necessidade de realizar um empréstimo a um fundo norte-americano para liquidar o dinheiro adiantado por esta, já que não poderá existir qualquer relação com a referida entidade. O Vitória ficava sem 29% das acções mas com um parceiro que, para já, pouco ou nada pode ajudar o clube.

Desportivamente, Moreno que houvera substituído Pepa abandona o barco, após a surreal eliminação contra os eslovenos do Celje. Sem que nada o fizesse esperar é substituído por Paulo Turra, numa escolha que faz lembrar o elefante na árvore: está lá, mas ninguém sabe as razões pelas quais lá foi colocado. Dura meia dúzia de jogos, sendo substituído por Álvaro Pacheco.

2024 - Álvaro arranca em grande e leva o Vitória a lutar pelos lugares cimeiros. A poucos jogos do final da temporada, o canto da sereia brasileiro do Cuiabá e uma fotografia tirada num restaurante lisboeta desencadeiam uma inesperada ruptura. Previsivelmente estará a prazo, estando já a SAD vitoriana em busca de sucessor para a próxima época.

Na verdade, este texto não pretende ser crítico...pretende ser um ponto de reflexão para um futuro que se pretende melhor, de modo a que diversos erros cometidos sejam evitados. Para que o Vitória tenha futuro...

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