COMO UMA TARDE DE PESADELO VITORIANO, COM ADEPTOS VIRADOS CONTRA A EQUIPA E UMA ARBITRAGEM INFELIZ ABRIU AS PORTAS DE CARRAÇA AO VITÓRIA ...

Aquela temporada de 1980/81 começara mal sob o comando de Fernando Peres. Tanto que Pimenta resolveu seguir a máxima de "para grandes males, grandes remédios" e, após perder a paciência com o treinador que orientava o clube, contratou uma tríade marcante: José Maria Pedroto, António Morais e Artur Jorge.

A produção vitoriana subiria a pique, com a equipa a ser capaz de golear o eterno rival por cinco bolas a zero, o que suscitou uma enorme onda de entusiasmo e uma inesquecível viagem a Lisboa no "Comboio Branco."

Porém, essa onda de entusiasmo sofreria uma balde de água gelada, logo no início do ano de 1981, numa partida da Taça de Portugal em que o Vitória era largamente favorito. Assim, perante o Sacavenense, a alinhar com Melo; Ramalho, Tozé, Barrinha, Gregório Freixo; Nivaldo, Abreu, Ferreira da Costa; Mundinho, Fonseca e Blanker "o Vitória a alinhar a passo e sem grande aplicação", chegou cedo à vantagem com um golo de Mundinho.

Com a equipa a jogar mal, apesar de estar a vencer, "os adeptos vimaranenses deram para vaiar a sua equipa, manifestando-lhe o seu desgosto pela falta de aplicação", o que ainda tornou o conjunto vitoriano mais nervoso e inseguro, motivando o adversário. Uma motivação de tal forma que fez os homens de Sacavém igualarem o prélio, através de um golo "aplaudidíssimo pelo público local."

Tal enervaria os Conquistadores que, apesar de dominarem o jogo, não seriam capazes de criar sequer oportunidades de golo, panorama que se manteve na segunda metade, sem que a equipa de Pedroto conseguisse fazer valer a lógica do mais forte. Assim, o prolongamento foi o passo que se seguiu, "onde se esperou que o Vitória se impusesse neste período, tanto que os adeptos vitorianos viram o caso mal parado, começaram a apoiar os seus pupilos, mas a verdade é que o Vitória não foi capaz de traduzir em golos a sua superioridade." Mais do que isso, "viu o árbitro perdoar aos visitantes, pelo menos, uma grande penalidade evidente (...) segundos antes de suceder aquela que ditou o vencedor da partida e da eliminatória."

O Vitória caía com queixas dos adeptos na primeira parte do jogo e do árbitro no prolongamento, sendo que "claro que nada disto invalida o fracasso da equipa de Guimarães que tinha obrigação de vencer o seu valoroso adversário, mas não há dúvidas que o árbitro protegeu de forma escandalosa o mais fraco, ao ponto de influir descaradamente no desfecho do encontro.... já que as mesmas faltas foram julgadas de forma diferente, conforme fossem cometidas por um ou outro lado, caso da grande penalidade marcada contra o Vitória (e muito bem) e da perdoada (antes alguns segundos) ao Sacavenense, cometida exactamente nas mesmas condições."

Seria a tarde em que um jovem Carraça abriria o livro... a ponto de o Vitória interessar-se por ele e contratá-lo para a temporada seguinte. Porém, nunca se afirmaria no Vitória. Aquela tarde, contudo, abrira-lhe as portas para actuar num dos maiores clubes portugueses...

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