COMO UMA SEMPRE IRRITANTE MANIFESTAÇÃO DO SÍNDROMA DO "PAI DOS POBRES" IMPEDIU OS CONQUISTADORES DE FAZEREM HISTÓRIA...

Aquela temporada de 1963/64 poderá ser catalogada de inesquecível!

Na verdade, o Vitória, comandado por José Valle, fez uma temporada de nível superlativo, onde pontificaram os triunfos no Restelo, perante o Belenenses por três bolas a zero, ou a inesquecível maré de golos na Póvoa de Varzim em que os Conquistadores triunfaram por cinco bolas a quatro.

No final, a equipa conquistaria o quarto posto com 34 pontos... em igualdade pontual com o Sporting que se posicionou na derradeira posição do pódio e a seis pontos do FC Porto, o segundo colocado no final desse exercício.

Todavia, houve um facto que impediu os Conquistadores de ficarem colocados acima dos Leões que, nesse ano, escreveram uma página inesquecível na história ao triunfarem na Taça das Taças, perante o MTK Budapeste.

Facto esse que tem sido uma verdadeira maldição nos quase 102 anos de história do clube: a inapelável atracção de ser "pai dos pobres”. Na verdade, refere-se este epíteto aquele que, de modo recorrente, ajuda os mais necessitados, dá de si ao o outro que mais precisa, de modo a que este não se sinta tão desprovido do mais necessário. No futebol, obviamente, falamos de pontos e são infindas as vezes que o conjunto vitoriano tem caído perante adversários aflitos, afundados na classificação e que fazem do jogo perante os Conquistadores a derradeira hipótese de fazerem prova vida.

Assim, também sucedeu a 01 de Março de 1964, quando o conjunto vitoriano empreendeu uma longa viagem para enfrentar o Olhanense, que até aquela jornada 20 do campeonato não tinha triunfado em qualquer jogo, tendo conquistado, apenas, seis empates. Ainda que nos quatro jogos anteriores tivesse conseguido três empates, com especial realce para o conseguido no José Arcanjo perante o FC Porto, este era um jogo de necessário triunfo vitoriano para continuar a pugnar pelos lugares mais altos da tabela.

Porém, tudo correria mal à equipa composta por Roldão; Caiçara, Daniel; Freitas, Pinto, Virgílio; Teodoro, Castro, Rodrigo, Peres e Mendes. Na verdade, como escreveu o Notícias de Guimarães de 08 de Março de 1964, "ir, realmente, perder onde jamais, até ao presente, alguém tanto havia consentido, denuncia negligência que não tem aparente justificação."

Na verdade, o golo solitário do jogador algarvio João Parra houvera custado uma derrota que para o periódico consultado tinha foros de "fenómeno", concluindo-se que a equipa do Vitória estivera muito longe do que já tinha mostrado. A acrescer a isso, o facto de saber-se que "dependia deste encontro a sua (do Olhanense) última esperança de permanência."

No final, essa derrota colocaria o Vitória atrás do Sporting, atento a diferença de golos marcados... para o conjunto algarvio ser despromovido, ainda que conseguisse vencer outra partida até ao final do campeonato que era composto por 26 jornadas!

Chamem-lhe sina ou karma... mas este tipo de jogos têm perseguido os Conquistadores ao longo da sua história, com prejuízo evidente para classificações melhores.

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