Edmundo Paulino de Sena será um nome que a poucos dirá se for assim soletrado. Mas se falarmos em Mundinho, os mais velhos, de imediato, lembrarão o avançado que chegou ao Vitória na temporada de 1978/79 graças ao olho clínico de Mário Wilson que procurava um goleador capaz de ajudar a equipa a apurar-se para as competições europeias.
Seriam três temporadas de Rei ao peito, em que aos 74 jogos disputados corresponderiam 31 golos, mas, acima de tudo, a assinatura de um contrato para a vida... contra tudo e contra todos! Tanto que foi para a vida que, ainda, hoje dura e falamos de um namoro que, para além de foros de escândalo, obrigou a que tivessem de lutar por ele com todas as suas forças.
Como os próprios contaram ao Mais Guimarães, conheceram-se no Osvaldinho, café situado perto da Escola Francisco de Holanda, propriedade do antigo jogador esquerdino vitoriano, que após pendurar as chuteiras apostou nesse ramo e que, ainda, hoje perdura. Local predilecto de muitos estudantes, onde se começaram namoros, uns mais duradouros do que outros mas também, temos de dizer a verdade, acabaram (lá está) outros!
Este nasceu para não mais acabar, com contornos de Romeu e Julieta, de proibição familiar, pois a estrela vitoriana era homem feito com cerca de 25 anos e ela tinha, apenas,15. Mas, em coisas do coração isso pouco importará, ainda que "Foi um escândalo, na altura. Era mais velho, jogador de futebol e preto, tinha tudo para os meus pais desaprovarem a relação."
Mas, enquanto o jogador de Rei ao peito fazia felizes os vitorianos, em casa a jovem lutava contra tudo e todos, tomando decisão de arrojo, quando atingiu a maioridade. Deixar tudo para trás, para juntar-se a Mundinho, já ele não jogava no Vitória, e apostar tudo naquela relação que todos olhavam de soslaio, que temiam que não resultasse, que acabasse em sofrimento e que uma sociedade, ainda, muito conservadora castigasse por si só aquela união.
Tal, contudo, não sucederia. Mundinho e a sua amada casaram, apenas, em 2008, ainda estão juntos... e trabalharam durante muitos anos no mesmo local, no Arquivo Municipal Alfredo Pimenta. Como a sua mulher referiu, "Daquela porta para dentro o casamento fica lá fora. Cada um faz o seu trabalho e ninguém toma partidos”, mas um sinal que nasceram mesmo para estarem juntos!