COMO UMA IMERECIDA INTERDIÇÃO LEVOU O VITÓRIA PARA LONGE DE GUIMARÃES E A UMA INDIGNAÇÃO ÚNICA POR PARTE DOS VITORIANOS E VIMARANENSES

Já aqui contamos a história da partida de Vila do Conde que levou a que o estádio do Vitória fosse interditado preventivamente. Estávamos na parte final da época de 1981/82 e tal fez com que os Conquistadores tivessem de enfrentar o Sporting longe de Guimarães, mais propriamente em Braga.

Tal foi considerado por todos os vimaranenses como uma enorme injustiça, como reportou o jornal Povo de Guimarães de 28 de Abril de 1982. Aliás, a comprovar isso, o facto da partida ter decorrido sem incidentes, sendo que os pequenos factos que ocorreram, apenas, surgiram, devido a algum descontentamento pelo resultado final.

Porém, o jornal Record haveria de empolar a história o que originou a uma interdição preventiva do recinto que originou a que a Câmara Municipal de Guimarães, na sua sessão, aprovasse por unanimidade uma proposta do Vereador da Cultura e dos desportos, Manuel Ferreira. Nesta repudiava-se os actos de prepotência de que o Vitória fora alvo, dando conhecimento ao Primeiro Ministro e ao Ministro da Qualidade de Vida de um comunicado:

" 1 - A população de Guimarães foi esta semana confrontada com uma decisão arbitrária por parte da Federação Portuguesa de Futebol que, com base em actos praticados por um indivíduo no decorrer do jogo de futebol entre e o Rio Ave e o Vitória de Guimarães, em Vila do Conde, na semana passada, interditou o Estádio Municipal, em Guimarães, para o jogo do próximo Domingo, em que a equipa vitoriana defrontará o Sporting Clube de Portugal.

2 - Tanto quanto tem sido do conhecimento público, tal decisão foi baseada no relatório do encontro, que, por seu livre arbítrio, conotou o tal indivíduo como afecto à massa associativa ao Vitória de Guimarães, responsabilizando-se, assim a colectividade.

3 - Atitudes prepotentes, idênticas a esta têm sido já praticadas por mais que uma vez, com acidentes em prejuízo para clubes de Guimarães...."

Assim deliberava-se :

" 1 - Repudiar publicamente este acto de injustiça que é uma afronta a todos os vimaranenses e constitui, a manter-se aquela decisão, motivo de sérios e graves prejuízos para o clube e para o concelho de Guimarães.

2- Testemunhar a todos os associados do Vitória de Guimarães, através da Direcção do clube, a sua solidariedade nesta hora grave por que está a passar.

3- Dar conhecimento desta deliberação ao Senhor Primeiro-Ministro e ao Senhor Ministro da Qualidade de Vida.

4 - Publicar esta moção nos jornais vimaranenses e num jornal desportivo de âmbito nacional."

Porém, de tal poucos adiantaria, ainda que, como o Povo de Guimarães de 28 de Abril escreveu "para se julgar, seja em que sentido for, necessário se torna, antes de mais, conhecer os elementos informativos capazes de permitirem uma exacta distribuição da justiça. Por isso, o castigo que condenou os adeptos vimaranenses e o seu clube não se pode admitir como suficientemente correcto, uma vez que para o aplicar, não existia um perfeito conhecimento dos factos. Isto de um árbitro semi-analfabeto indicar um grupo de adeptos de um clube, neste caso do Vitória de Guimarães, como prevaricadores, não chega (...) como testemunhos. Somente regulamentos caducos, na aparência, o podem permitir..."

Mais do que isso, a levar à interdição do recinto vitoriano, "existiu um abuso que só se concretizou, como é do conhecimento público, com o voto de qualidade do Presidente da Direcção da F.P.F." e que levou à marcação do jogo contra o Sporting para o estádio 1º de Maio em Braga, ao invés de ser no Bessa, no Porto, como era pretensão dos responsáveis vitorianos. Na verdade, "entre as Associações Distritais de Braga e Porto, desde há muitos anos, existe um acordo para a troca de campos nos casos das interdições que deveria ser do conhecimento, pelo menos, dos serviços federativos. Ignorando-o na emergência criou-se, sem dúvida, uma situação que tem de ser apreciada mais tarde ou mais cedo."

Assim, no dia 25 de Abril de 1982, com o Vitória a alinhar com Jesus; Ramalho, Tozé, Murça, Gregório Freixo; Jeovah, Nivaldo, Abreu; Flávio, Fonseca e Joaquim Rocha", e com "a massa associativa que entra de graça mais interessada na derrota do Vitória" a equipa Conquistadora lograria ganhar um ponto, atento o empate a zero.

Concluía o Notícias de Guimarães que "deste modo, os bastidores influenciam uma jornada e poderão ter influenciado a classificação do nacional em curso", pois, "os que tudo fazem para crescer veem-se coagidos a ficar pelo caminho, já que forças ocultas e poderosas lho barram, servindo-se de todos os meios legítimos e ilegítimos."

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