COMO UMA AGRESSÃO NUNCA PROVADA A UM POLÍCIA EM VILA DO CONDE COLOCOU O VITÓRIA A JOGAR EM BRAGA CONTRA O SPORTING, POR IMPOSIÇÃO DA FPF

Aquele Vitória de 1981/82, orientado por José Maria Pedroto, ambicionava com os mais altos lugares do campeonato. Graças a um conjunto onde pontificavam nomes como Vítor Damas, Nivaldo, Gregório Freixo ou Joaquim Rocha, os vitorianos andavam entusiasmados com as possibilidades da mesma... e sonhavam com o regresso europeu.

Por isso, naquele dia 18 de Abril de 1982, rumaram em massa até Vila do Conde para assistir à partida frente ao Rio Ave, ainda disputada no Campo da Avenida, um recinto pelado, quando ainda era permitido neles actuar.

Apresentando um onze composto por Damas; Ramalho, Tozé, Barrinha, Gregório Freixo; Nivaldo, Abreu, Flávio; Orlando Fonseca, Lúcio Santarém e Joaquim Rocha, nada correria bem aos Conquistadores, apesar de Joaquim Rocha ter adiantado a equipa vitoriana no marcador.

O Vitória sofreria dois golos na segunda metade, perdendo a partida e atrasando-se no sonho de conquistar um lugar no pódio. O pior, contudo, viria depois com um sururu que causaria danos futuros. Assim, segundo o Notícias de Guimarães, de 30 de Abril de 1982, "no final do jogo, um Chefe de Polícia levou com um objecto que lhe feriu o nariz. Homem responsável, recusa-se a acusar seja quem for, já que não pôde identificar o autor da proeza; mas, o árbitro, que veio de Beja para arbitrar um jogo no Norte entre clubes do Norte, não concorda com a consciência da autoridade e afirma que o objecto que feriu foi arremessado por um adepto do Vitória."

Tal levaria a uma rápida decisão, com o clube vitoriano a ter o seu campo interditado para a jornada seguinte, em que iria receber o líder Sporting. Tentar-se-ia, contudo, tudo para tal decisão ser revertida: " fazem-se diligências no sentido de se provar a inocência do Vitória, reúnem-se as provas julgadas necessárias, incluindo o depoimento da autoridade de Vila do Conde, o Conselho Superior de Justiça prontifica-se a reunir, mas dá o dito por não dito e tudo continua na mesma."

Mediante a irreversibilidade da decisão, levantar-se-ia a questão onde o Vitória deveria jogar. Assim, a Associação de Futebol de Braga, depois de perguntar à direcção dos Conquistadores onde pretendia evoluir, foi informada por esta desejar receber os Leões no Estádio do Bessa, uma vez que nesse ano, os axadrezados, afundados no meio da tabela, não competiam por qualquer posição com o emblema vimaranense. Depois de tal informação ser transmitida para a FPF, esta "prepotentemente, obriga o clube de Guimarães a actuar em Braga, justamente no campo cuja massa associativa, que entra de graça, está mais interessada na derrota do Vitória. Que se passou? Que manobras se fizeram para que se verificasse essa prepotência?"

Por isso, concluía, Lourenço Alves Pinto, no referido jornal que "vai assim o futebol. Castiga-se por mera presunção quando os grandes estão ameaçados e impõe-se campos desportivos que não oferecem as condições ideais de isenção a ambos os conjuntos, favorecendo, pelo contrário, um dos intervenientes na partida. Não há decoro, não há moral, não há bom senso. Tudo navega de acordo com a vontade dos mais poderosos."

O Vitória receberia, por isso, o Sporting em Braga. "Apesar da beleza do espectáculo", a equipa de Pedroto "ainda foi aquela que tudo fez para o valorizar, superiorizando-se forma clara ao seu adversário que quase se limitou a defender, actuando para o zero-zero que conseguiu." Refira-se, ainda, a presença dos adeptos do Sporting minhoto a apoiarem o homónimo lisboeta, tornando o ambiente verdadeiramente hostil para os vitorianos.

Atendendo ao sucedido, a Câmara Municipal haveria de lavrar um duro comunicado a "repudiar publicamente este acto de injustiça que é uma afronta a todos os vimaranenses e constitui, a manter-se, aquela decisão, motivo de sérios e graves prejuízos para o clube e para o concelho de Guimarães."

Nada adiantaria e para cúmulo, o Vitória acabaria o campeonato no quarto posto...perdendo a Europa para o rival minhoto, por este ter atingido a final da Taça de Portugal (ainda que a perdesse), no dia em Quinito, treinador dos bracarenses, se apresentou de fraque no Jamor!

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