COMO UMA DAS MAIORES VITÓRIAS DA HISTÓRIA TEVE SABOR AZIAGO E COMO UM INQUÉRITO FINAL COMPROVOU AS OBRIGAÇÕES DO PROFISSIONALISMO...

Terá sido, provavelmente, um dos triunfos mais gordos da história... e mais dolorosos.

Na verdade, naquela temporada de 1935/36, o Vitória terminou a sua participação no distrital com um extraordinário êxito por dez bolas sem resposta perante o Comercial de Braga. Um festim de golo que começou com um tento de João Jesus e que terminou com o mesmo jogador a apontar o derradeiro golo. Apesar disso, considerava o Notícias de Guimarães que "o Vitória não jogou a satisfazer. Em frente das redes contrárias: há embrulhada, aglomeração, colocações indefinidas, onde a bola sem controle se perde com facilidade. Há demoras demaziadas, passagens vagarosas, em vez de rapidez. Não se procura por improviso, bater velozmente a defesa não permitindo que ela cubra convenientemente o seu terreno; atrapalhá-la pelo ataque inesperado e por passagens combinadas; desnorteá-la. Os corners continuam a nada render! Há faltas também na forma de os marcar e deficiências na colocação do jogador para o receber. Todo o team precisa de uma afinação para dar o máximo rendimento."

Afinação essa, aguçada pelo facto do título distrital ter sido novamente perdido para o eterno rival, devido a um inesperado empate em Fafe. que deitou por terra as previsões que avançavam para a necessidade da realização de um jogo de desempate entre Vitória e SC Braga, já que não fosse essa "escorregadela" ambos os conjuntos iriam terminar empatados com o mesmo número de pontos (28).

Todavia desse empate em Fafe, como escrevia o referido jornal, "grossa celeuma se levantou no meio desportivo da cidade." Com efeito, a justificar a desilusão esteve a atitude de alguns jogadores e que originou mesmo a instauração de um inquérito. "Do inquérito feito, foi severamente admoestado um jogador que esquecido das circunstâncias que a situação profissional acarreta, se desobrigou do cumprimento dos seus deveres, como assalariado, pois não levara uma vida que salvaguardasse convenientemente o seu organismo - elemento natural do seu ofício - não dando assim convenientemente cabal rendimento. Como o profissionalismo é estúpido!"

E, assim era justificada uma desilusão que uma goleada por uma dezena de tentos não apagou...

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