COMO UM PENALTY DE MANUEL PINTO COLOCOU TODOS EM SOBRESSALTO, MAS, ACIMA DE TUDO, O VITÓRIA A RESPIRAR MELHOR...

Aquela temporada de 1970/71 estava a ser um malogro. A aposta em Jorge Vieira fora um rotundo fracasso, com o brasileiro a ser despedido à passagem da décima oitava jornada, após empate caseiro a zero frente ao Leixões.

Com a equipa afundada nos últimos lugares da tabela, a aposta recaiu em Peres, que ainda era jogador, mas, como consequência, de uma lesão encontrava-se impedido de dar o seu contributo em campo.

Teve tarefa difícil, vencendo, como Jorge Vieira fizera na primeira volta o Varzim, para se ir mantendo a esbracejar bravamente contra um destino que todos temiam: a despromoção!

Porém, para tentar obviar a esta, todos os vitorianos olhavam para a antepenúltima e penúltima jornada do campeonato, altura em que os Conquistadores iriam ter dois jogos consecutivos em casa, frente a Boavista e Farense, antes de se deslocarem, na derradeira etapa do campeonato, ao Porto numa partida tida como deveras complicada.

Assim, após na primeira dessas contendas ter batido o emblema axadrezado graças a um golo solitário de Artur, seguia-se o Farense, num embate de vida o de morte. Na verdade, não vencer poderia significar uma sentença numa temporada em que tudo correra mal, enquanto triunfar fazia a equipa acalentar esperanças para esse complicado prélio perante os azuis e brancos.

Assim, nesse dia 25 de Abril de 1971, com o Vitória a alinhar com Gomes; Artur, Manuel Pinto, Joaquim Jorge, Osvaldinho; Bernardo da Velha, Augusto; Zezinho, Jorge Gonçalves, Mendes e Ibraim, disputou um jogo de nervos. Nervos que se foram acumulando ao longo dos minutos, sem que o golo salvador, ou pelo menos que levasse a esperança para o último desafio, chegasse. Um estado de transe colectivo, em que os olhos eram incapazes de se desviarem do relvado na ânsia do momento desejado e em que a alma dos adeptos parecia querer empurrar os jogadores para o momento mais desejado, sem que este, contudo, fosse capaz de chegar.

Até que chegamos ao minuto 71 da partida, altura em que o árbitro Joaquim Freire, de Aveiro, apontou para uma infracção na grande área algarvia. Era grande penalidade...aquele lance que poderia salvar os Conquistadores! Como escreveu o Notícias de Guimarães de 01 de Maio de 1971, "pensem os leitores na responsabilidade que o seu marcador assumiu, no nervosismo que invadiu todo o campo e digam-nos, depois, qual o estado de alma dos jogadores vimaranenses..:" Acrescentamos nós, que os colegas de Manuel Pinto, o escolhido para tão decisivo momento, viraram as costas ao lance e nas bancadas foram muitos o que colocaram as mãos à frente da cara não querendo assistir ao remate determinante de um jogo, mas, acima de tudo, de uma época.

Depois seria a explosão... os suspiros de alívio...o golo obtido pelo lendário defesa colocava o Vitória com esperanças numa salvação que haveria de chegar graças a um miraculoso empate no Porto. O Vitória, fazendo das tripas coração, mantinha-se na Primeira Divisão...

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