COMO SE ESCREVEU MAIS UM EPISÓDIO DE UMA HISTÓRIA, MAIORITARIAMENTE, INFELIZ NA TAÇA DE PORTUGAL...

Nem todas as histórias da centenária existência vitoriana serão felizes. Não sucede assim na vida de qualquer um, pelo que não sucederá num clube de futebol. Contudo, a história dos Conquistadores na Taça de Portugal, salvo a excepção do encontro com a glória em 2013, tem sido maioritariamente composta por momentos surpreendentemente infelizes que têm impedido o clube de ter mais troféus da prova mais democrática do país nas suas vitrines.

Tal sucedeu, igualmente, na época de 1983/84 em que a equipa, inicialmente, foi treinada pelo austríaco Stessl, mas seria já com Murça no banco que viveria o drama destas linhas. Assim, depois de ter eliminado na Taça de Portugal os beirões do Barco em casa destes, por sete bolas a três, o Merelinense por meia dúzia de golos sem resposta, ter triunfado em Paredes por quatro tentos sem resposta, ter batido o Salgueiros e o Paços de Ferreira, no, então, Municipal por respectivamente, duas bolas a uma e um a zero, seguiam-se as meias finais. A estas, para além do conjunto vitoriano, acederam FC Porto, Sporting e Rio Ave, que seria o adversário dos Conquistadores, num sinal que as bolas haviam querido facilitar a vida dos vitorianos.

Assim, em seis dias, as duas equipas haveriam de defrontar-se por três vezes, duas para a Taça de Portugal e uma para o campeonato, sendo que a decisão para se chegar ao Jamor (numa altura em que as meias-finais eram disputadas só numa mão) iria ser disputada em Guimarães. Melhor do que isso, parecia ser impossível...

Porém, a 28 de Março de 1984, com uma equipa composta por Silvino; Costeado, Alfredo Murça, Tozé, Laureta; Nivaldo, Paquito, Barrinha; Éldon, Fonseca e Paulo Ricardo, o Vitória seria incapaz, após 120 minutos, de furar o último reduto da equipa apresentada por Félix Mourinho, o que levou a que a eliminatória tivesse de ser decidida em Vila do Conde. A carência de golos não sucederia no jogo seguinte para o campeonato, em que graças aos tentos de Fonseca e de Amândio Barreiras serviram para contrapor ao tento de Azevedo, garantindo um saboroso triunfo para as cores vitorianas e desenceando-se um inquebrantável optimismo para a partida do desempate.

Seguia-se a decisão que poderia levar o Vitória pela quarta vez a uma final da Taça de Portugal. Estávamos a 04 de Abril de 1984 e os Conquistadores entraram no pelado do Campo da Avenida, completamente repleto com 10000 espectadores (entre eles, muitos provenientes de Guimarães). Num duelo equilibrado, como escreveu o Notícias de Guimarães de 13 de Abril desse ano, "de novo não se chegou a conclusão nenhuma, pois durante os noventa minutos regulamentares, as equipas continuavam empatadas, desta vez, a um golo." Assim, ao tento de N'Habola, respondeu Paquito, já na parte final da partida, marcando um tento ao seu anterior emblema e levando a contenda para prolongamento onde nada sucedeu.

Tudo iria ter de ser decidido no desempate por pontapés de penalty que, como tantas vezes tem sucedido na história, haveriam de ser nefastos aos interesses do clube que leva o Rei no peito. Com efeito, dos cinco escolhidos para cobrar o castigo máximo - Éldon, Gregório Freixo, Joaquim Murça, Costeado e Tozé - estes dois últimos haveriam de desperdiçar o seu pontapé, ao contrário dos jogadores vilacondeses.

Mais uma vez, escrevia-se um capítulo infeliz na prova mais bela do futebol português...

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