COMO A ESTRANHA ESCOLHA DE STESSL REDUNDOU NUM DESPEDIMENTO QUE PIMENTA ESTAVA ANSIOSO POR REALIZAR...

A temporada de 1983/84 estava a saber a pouco... com o Vitória afastado dos lugares que davam apuramento europeu.

Na verdade, após a histórica classificação na temporada anterior para a Taça UEFA, Manuel José resolvera partir, precipitando que para o cargo fosse escolhido o austríaco Hermann Stessl. Com efeito, este após ter chegado a Portugal em 1980/81 para treinar o FC Porto, durante duas temporadas, não tendo o sucesso esperado, cabendo-lhe em 1982/83, por apenas quatro jogos, orientar o Boavista.

Apesar de alguns resultados iniciais interessantes, o Vitória acabaria por não conseguir fazer um campeonato ao nível do anterior, sendo, por isso, uma das primeiras vítimas do modo de Pimenta lidar com os treinadores, ainda que, como veremos, também pudessem estar subjacentes outras razões.

Contudo, este desenlace, apenas, haveria de ocorrer à vigésima segunda jornada, a 18 de Março de 2004, após uma derrota caseira frente ao Portimonense, que deixou o Vitória no sexto posto... ainda que a dois pontos do quarto posto ocupado pelo eterno rival, SC Braga. Merecerá ficar para a história a derradeira equipa escolhida por Stessl: Silvino; Gregório Freixo, Tozé, Murça I, Laureta; Paquito, Barrinha, Nivaldo, Flávio; Fonseca e Eldon.

Contudo, aparentemente, quatro derrotas consecutivas, ditaram o destino do treinador austríaco, sendo que a última delas, em casa perante o Portimonense... que era orientado pelo anterior técnico vitoriano, Manuel José, desencadeou o desenlace, atento o facto de Pimenta Machado ter-se sentado ao lado do seu técnico, como que a avaliar as suas capacidades durante o jogo, sendo que para o jornalista do Povo de Guimarães que redigiu a crónica do jogo "talvez, tenha conseguido vislumbrar causas e/ou efeitos que ao público por mais atento que esteja, passam despercebidas." Porém, a conclusão haveria de ser similar à que o líder do clube teria já que "no nosso Vitória há qualquer coisa que anda mal."

A ajudar a essa conclusão, o Portimonense "usando o contra-ataque, com realista eficiência, Manuel José veio derrotar a equipa vimaranense na sua própria casa. Angariou, assim, um êxito que teve o seu mérito." Mérito esse que terá levado os adeptos a sentir saudades do técnico que outrora entrara na história ao garantir o apuramento europeu. Assim, "entre os adeptos vitorianos, alguns daqueles que, na época passada, lhe desejavam a saída, terão agora, talvez, posto uma mão na consciência. Ao fim e ao cabo, são potencialmente os mesmos que apontam, para Hermann Stessl, igual caminho.”

Porém, Pimenta estaria entre esses... fruto da avaliação negativa, de imediato haveria de reunir com a sua direcção. Deste encontro, partiria a decisão de despedir o técnico austríaco, entregando a orientação técnica da equipa ao, ainda, jogador Alfredo Murça e a Djunga.

Posteriormente, numa peça publicada pelo Jornal A Bola, a surpresa haveria de eclodir na Cidade-Berço, através de uma razão ainda mais forte: "ter sido o treinador austríaco ingressado no clube vimaranense contra a vontade, simultânea, do seu Presidente da Direcção e do responsável pelo Departamento do Futebol Profissional." Algo que Pimenta, mal ganhou as eleições contra o seu primo Armindo e aproveitando-se dos resultados negativos resolveu...afastando imediatamente o treinador!

Contudo, o presidente vitoriano quereria futuramente voltar a afirmar-se através da escolha de um treinador: seria Goethals a orientar o Vitória, ainda que, como sabemos, sem sucesso...

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