AQUELA GOLEADA AO BENFICA E OS EFEITOS (PERNICIOSOS) DA MESMA...

A temporada de 1983/84 não estava a correr bem para o Vitória. A aposta no treinador austríaco Hermann Stessl não houvera corrido bem e, Pimenta, mal ganhou as eleições que decorreram nesse ano não foi de modas: despediu-o.

Para o seu lugar chamou Murça, que ainda era jogador, e incentivou-o a tomar arroja aposta: dar a oportunidade aos jovens que haviam perdido a Final da Taça Nacional de Juvenis, em Espinho, frente ao Benfica e aos quais se augurava grande futuro.

Assim, no dia 29 de Abril de 1984, perante a equipa que se viria sagrar campeã nacional e que, na primeira volta do campeonato tinha goleado os Conquistadores por oito bolas sem resposta, o Vitória entrou em campo com um conjunto de promissores jovens. Citemos, pois, a equipa: Jesus; Costeado, Tozé, Joaquim Murça, Amândio Barreira; Nivaldo, Soeiro, Gregório Freixo; Da Silva, Paulo Ricardo e Jorge Machado. Jogariam, ainda, Kiki e Paulo Viana.

O jogo, esse, como diz o Notícias de Guimarães, foi dominado de ponta a ponta pelo Vitória. Na verdade, "o Benfica foi esmagado, espremido, reduzido a cinzas pela determinação, pelo querer, pelo bom futebol, pela garra duma equipa renovada em todos os aspectos, para mais impulsionada pelo amor à camisola (para além do enorme valor demonstrado). Por essas razões, a equipa venceria por quatro bolas a uma, com golos de Gregório Freixo, um bis de Paulo Ricardo e um tento de Alfredo Murça.

Com esta exibição, Pimenta Machado teria um premonição. Apostar nestes jovens que tão boa conta de si tinham dado como base da equipa seguinte. Apesar de ter teimado até um determinado momento da época, percebeu que se queria findar a temporada de modo tranquilo, precisava de dar reforços ao belga Goethals, pois os jovens só por si não garantiam êxito. Assim, deixou a insistência nas suas convicções de parte, e contratou o avançado Júlio César, mas, principalmente, Roldão que ainda hoje está na memória dos vitorianos como um dos mais geniais esquerdinos que vestiu a camisola do Rei. Mais do que errar, importa ter a humildade para reconhecer o erro e, ainda mais importante, corrigi-lo o mais rapidamente possível, sob o risco de se destruir uma época ou até várias.

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