Aquela temporada de 1970/71 foi terrível.
Na verdade, como tantas vezes sucede na história vitoriana, quando as expectativas são mais elevadas, as desilusões ainda conseguem superá-las. Assim sucedeu, com o regresso de Jorge Vieira, o brasileiro que fora o timoneiro do terceiro posto em 1968/69 e com contratações como a de Jorge Gonçalves que parecia indiciar uma temporada ao nível das anteriores, leia-se com apuramento europeu.
Porém, desde o início o exercício correria de modo difícil e periclitante, com Jorge Vieira a parecer incapaz de reeditar o feito de duas temporadas antes. e com algumas baixas que ainda debilitaram mais a equipa.
A piorar a situação, o Vitória foi alvo de uma interdição do seu estádio por dois jogos. Ora se uma das partidas foi disputada num jogo a contar para a Taça da AF Braga, outro deveria ser disputado na partida do campeonato frente à Académica de Coimbra no, então, estádio 28 de Maio, na cidade dos Arcebispos.
Assim, no Domingo, dia 08 de Novembro de 1970, os Conquistadores entraram em campo com Rodrigues; Artur, Herculano, Joaquim Jorge, Costeado; Bernardo da Velha, Peres, Osvaldinho; Zezinho, Ibraim e Ademir, para uma partida que segundo o Notícias de Guimarães de 14 de Novembro de 1970, para disputar um jogo perante "um ambiente que a depreciou, lhe roeu os nervos, diminuindo-lhes a possibilidade de uma reabilitação necessária..." Porém, o mesmo jornal reconhecia que tal castigo foi uma "penitência, quase para remir pecados próprios, praticados em encontro anterior, jogado no seu campo..."
Penitência, essa, que como se depreende, passou pelo acérrimo apoio dos adeptos do clube que cedia o estádio aos academistas e que ajudou a que o Vitória, aos 40 minutos da partida, já estivesse a ser derrotado por duas bolas a zero. Mas, tal como o Comércio de Guimarães reconhecia, "a equipa vimaranense sofrendo o primeiro golo nos momentos iniciais, por falhanço da defesa, fez uma primeira parte sem mérito, jogando desgarrada, longe dum sentido positivo de entreajuda e parecendo abúlica."
Na segunda metade, a equipa acordaria, mas só conseguiria reduzir perto do final do jogo pelo jovem Gouveia, lançado em liça... a temporada estava cada vez mais difícil e, mais do que isso, a indignação pelo apoio dos adeptos do SC Braga iria ter repercussões. Assim, foi requerido por um sócio, em assembleia-geral, que o Vitória não mais jogasse na cidade vizinha quando tivesse o seu recinto interditado... algo que não viria, contudo, a suceder.