COMO O SONHO PERANTE O HIBERNIAN MORREU E UMA PROMESSA FICOU POR CUMPRIR...

Estávamos na temporada de 1970/71 e o Vitória andava pela segunda vez na alta roda europeia...

Depois de eliminar os franceses do Angoulême, seguia-se o desafio perante os escoceses do Hibernian, que se previa de maior dificuldade.

Assim seria, com o conjunto, orientado por Jorge Vieira, a ser derrotada por duas bolas a zero, deixando a segunda mão da eliminatória, a disputar em Guimarães, com o catálogo de melindrosa.

Nesse dia, 28 de Outubro de 1970, contudo, viveu-se uma tarde de festa e de esperança, no então Municipal... a ponto da Banda Filarmónica de Pevidém ter abrilhantado os momentos anteriores ao início da partida, chegando a tocar a Portuguesa e o God Save The Queen, como se um jogo de selecções se tratasse.

Porém, refira-se que antes da partida existiram momentos de confraternização entre os dirigentes de ambas as equipas. Assim, segundo o Notícias de Guimarães da data, "houve um almoço íntimo entre os dirigentes e uma festa de confraternização que motivou afirmações cordiais" e, onde, também, compareceram o presidente da Câmara Municipal, Bernardino Abreu e Hélder Rocha, ilustre vitoriano e, na altura, membro da Federação Portuguesa de Futebol. Refira-se que a equipa de arbitragem italiana, liderada pelo banqueiro, Sérgio Gonella, que oito anos depois haveria de apitar a final do Campeonato do Mundo da Argentina, entre o país das Pampas e a Holanda.

Quanto ao jogo, com o Vitória a alinhar com Rodrigues; Artur, Costeado, Joaquim Jorge, Silva, Osvaldinho; Bernardo da Velha, Peres; Jorge Gonçalves, Zézinho e Ademir, assistiu-se a uma primeira parte de compêndio por parte dos vitorianos, abrilhantada pelos golos de Jorge Gonçalves e de Ademir que igualaram a eliminatória nos 43 minutos iniciais.

O pior sucederia na segunda metade com o golo de Johnny Graham a garantir a passagem ao adversário que, o Jornal A Bola assegurava ser "a melhor equipa estrangeira que alguma vez passara por Guimarães." Mesmo assim, no Notícias de Guimarães considerava-se que "caiu-se de pé, como se costuma dizer nestes casos. Quando o sorteio desta competição nos indicou o Hibernian, foram unânimes os prognósticos anunciando deveras dificuldades."

Porém, mais do que o resultado, ficaria uma promessa. Assim, combinaram as duas direcções que, quando a iluminação artificial do estádio vitoriano, fosse inaugurada, seria o Hibernian a equipa convidada para a grande festa. Haveriam de passar, contudo, dezoito anos antes que tal momento ocorresse e o prometido haveria de cair no esquecimento. Porém, curiosamente, seria outra equipa a equipar de verde e branco a fazer de parceiro nesse inesquecível momento vitoriano: o Rio Ave, cabendo o golo inaugural sob luz artificial ao, já saudoso, António Carvalho.

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