COMO PELA PRIMEIRA VEZ SE VOTOU EM URNA NO VITÓRIA E, JÁ AÍ, A IMPRENSA ERA TIDA COMO UM INSTRUMENTO INCAPAZ DE TRATAR TODOS POR IGUAL

Estávamos em 1978... mais propriamente em finais de Março desse ano.

Depois de um período de indefinição, Gil Mesquita avançaria para um segundo mandato. Assim, marcou-se uma Assembleia-Geral que, no seu primeiro ponto, estava destinada a aprovar o relatório e contas do ano anterior que apresentava, segundo o Notícias de Guimarães de 14 de Abril desse ano, "um saldo positivo de quinhentos contos, pouco mais ou menos..." Assim, seria "aprovado por aclamação, após algumas perguntas sobre o montante dos vencimentos dos técnicos do clube e de alguns dos seus atletas".

Porém, depois existira um momento marcante, indiciador de como os associados vitorianos já se sentiam em relação ao tratamento que tantas vezes a imprensa dedica ao clube. Como escreveu o jornal Povo de Guimarães, "...sobressaiu-nos, acima de mais, uma repulsa da massa associativa do Clube para com a generalidade da imprensa, quando para este foi sugerido um louvor no Relatório e Contas apresentado à aprovação." Deste modo, apesar de existir quem pretendesse agraciar os órgãos de comunicação social, a verdade é que a maioria dos associados já não pensava assim. Contudo, como se reconhecia "bem sabemos que há Imprensa... e imprensa, pois nem toda ela se abre a uma justiça que iguale no tratamento a totalidade das colectividades desportivas..." Passaram 46 anos e as queixas mantêm-se e, infelizmente, nada mudou!

Depois do sócio João Ferreira da Cunha ter sido elevado por unanimidade à condição de sócio benemérito, seguiu-se um momento histórico. Com efeito, pela primeira vez, votou-se no Vitória em urna. Seria assim que os órgãos sociais foram eleitos, sendo que "os votantes foram em número de cento e sessenta", tendo Gil Mesquita obtido 75% dessas manifestações de vontade.

Tal levou a uma manifestação de extrema humildade do presidente eleito, pois manifestou "a intenção não só de servir o Vitória, mas também de ganhar para si os votos que desta vez teve a desfavor, que entendia quererem dizer que a sua actuação ainda estava longe de corresponder ao que todos desejavam."

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