Estávamos no início da época de 1980/81...
Pimenta Machado, a preparar a sua primeira temporada como presidente do Vitória, mostrava-se ambicioso. Assim, nomes como o lendário guardião Vítor Damas, resgatado ao Racing Santander ou o neerlandês, Ton Blanker, apodado de novo Cruyff e contratado ao Ajax, demonstravam que o Vitória prometia uma temporada plena de ambição e a olhar para os lugares cimeiros.
Além destes, chegaria um brasileiro, proveniente do Sport Recife, para a lateral esquerda da equipa. Uma aposta que teria imensas dificuldades em afirmar-se, estreando-se, apenas, à sétima jornada do campeonato, em Espinho. Nesse desafio que os Conquistadores perderiam por três bolas a uma e que significou a partida de Fernando Peres para José Maria PedRoto assumir o comando da equipa, Nivaldo jogou pela primeira vez no futebol português. Num pelado, com a equipa a apresentar-se a um nível inferior a mediano, o brasileiro teria exibição para esquecer. Seria substituído aos 68 minutos por Salvador, sendo considerado por uma parte da imprensa que teve uma tarde infeliz e que teria muitas dificuldades em adaptar-se ao futebol português.
Entretanto, tudo mudaria com a chegada do "Zé do Boné". Um verdadeiro idealista do futebol português, conhecedor profundo de todas as cambiantes do desporto-rei e que ao assumir a equipa quis perscrutar ao máximo as potencialidades dos atletas que tinha em mãos.
Assim, após alguns treinos, chegaria junto de Nivaldo e dir-lhe-ia, perante a surpresa deste: " - Tu chegaste ao Vitória como lateral esquerdo, mas estás na posição errada. Com o físico que tens, a tua qualidade de passe e agressividade, tu tens que ser médio defensivo."
Assim, prepará-lo-ia para essa posição. Com sapiência e paciência, mas com coragem. A ponto de o lançar nessa posição um mês depois de ter chegado a Guimarães e, provavelmente, salvando-lhe a carreira. Nivaldo assumir-se-ia como indiscutível no Vitória, faria quatro temporadas de extraordinário nível e acabaria disputado por Benfica e Porto... assinaria pelos primeiros, sendo recordado, ainda, hoje em Guimarães! Graças à visão distinta de Pedroto que viu o que mais ninguém houvera visto...