COMO PEDROTO, O PAI DO VITÓRIA DA ERA MODERNA, A TODOS ENSINOU E COMO REPELIA OS NERVOS, LEVANDO COM ELE OS DIRECTORES VITORIANOS...

José Maria Pedroto foi a contratação que terá afirmado António Pimenta Machado como presidente do Vitória. Na verdade, beneficiando da crise que o FC Porto ia vivendo, o, então, jovem presidente vitoriano jogou uma cartada de mestre e contratou aqueles que sempre chamamos de Santíssima Trindade: Pedroto a treinador e António Morais e Artur Jorge a adjuntos, naquela que terá sido uma das mais extraordinárias equipas técnicas da história do futebol português.

Como o antigo dirigente Dinis Monteiro reconheceu em entrevista ao jornal do Vitória de 23 de Janeiro de 2001, "eu tudo o que sei no futebol, comecei a aprender com José Maria Pedroto. Ele falava de futebol com uma visão de futuro e nós tínhamos de estar muito atentos para, de facto, percebermos a sua visão... José Maria Pedroto que nos deu grande impulso e que nos ajudou a dinamizar o Vitória para a dimensão que atingiu." Inclusivamente, Pimenta Machado que "convivia muito de perto com José Maria Pedroto e acabou também dessa mesma fonte."

Porém, apesar dessa cientificidade do início dos anos 80 do século passado, Pedroto tinha um curioso prazer. Um prazer transcorrido no Hotel Moutados onde o Vitória estagiava, mas que não era um hotel na verdadeira acepção da palavra. Como disse Dinis Monteiro, "vejam onde chegava a força de Pedroto: ele quase obrigou o dono daquele Complexo a transformar aquilo que não era um hotel num verdadeiro hotel como é hoje."

Porém, após o jantar nas primeiras concentrações surgiu a surpresa. Depois dos jogadores irem dormir para os quartos, começava o verdadeiro divertimento. "Eram as sessões de sueca e de ricardina. Aquilo prolongava-se pela noite fora.”

A estranheza era tanta com os prazeres do "Zé do Boné" "porque nós pensávamos e comentávamos: "então o treinador não tem de descansar?" Mas depois apercebíamo-nos que não era nada de especial. Aquilo eram os nervos próprios do jogo que se aproximava e que o obrigava a estar num estado permanente de alerta." Pedroto, apesar do divertimento, continuava a pensar no desafio do dia seguinte, exorcizando, assim, os nervos que o podiam impedir de ter discernimento para fazer o Vitória vencer.

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