1922...
A data sagrada para todo e qualquer vitoriano. A data de fundação do clube que, no presente ano, se apresta para celebrar 102 anos de existência.
Mas, e se o Vitória ter sido constituído antes?
Na verdade, haverá quem defenda que o 1922 é uma data de conveniência, atendendo à formação da Associação de Futebol de Braga, em que o Vitória se inscreveu.
Porém, para causar maiores dúvidas, existirão documentos lavrados pelo próprio clube na década de 50 do século passado, mormente quando os Conquistadores regressaram ao principal escalão do futebol português em 1958, que aludem à data de fundação como sendo 1923. E refira-se que, na altura, muitos dos fundadores ainda se encontravam vivos, sendo o secretário-geral do clube um deles.
Porém, adensemos a polémica. E se o Vitória não se aprestar para cumprir 102 anos de existência, mas sim 106? Ainda que os primeiros quatro a sua existência tenha sido periclitante e, simplesmente, com o uso do nome e ser qualquer base estável a sustentá-lo.
Tal tese foi inicialmente sustentada na Edição do Norte Desportivo de 06 de Fevereiro de 1938, portanto com a maioria dos fundadores ainda no mundo dos vivos, onde um colaborador vimaranense Xico Raio escreveu, tendo sido citado por Raúl Rocha no livro das Bodas de Diamante do clube que "Numa tarde do mês de Julho de 1918, depois do regresso do Liceu, onde tinham acabado uma "partida" com outros estudantes, reuniram-se em casa do António Pires, ali na rua de Vila Verde, o Alberto Carlos Abreu e o António Antunes de Castro.
Comentou-se largamente o jogo e, por fim, a conversa estendeu-se à fundação de um clube por proposta do Alberto Abreu.A ideia foi aceite e, imediatamente, se pensou no nome do novo clube. Existia, já nessa ocasião, o Vitória de Setúbal que nesse ano se encontrava em grande forma e, por conseguinte, o nome foi resolvido ser o mesmo com a modificação nas finais: Vitória Sport Clube."
Todavia, essas iniciativas terão sido incipientes, levando que em 1919, no folhetim Gil Vicente se escrevesse que "um grupo de esperançosos rapazes trabalham com afincado ardor e grande enthusiasmo para a fundação d’um Club n’esta cidade, que proporcione aos seus associados horas de agradável e divertido passatempo.” Na verdade, “desde há muito que se nota a falta d’um club em Guimarães, onde possam reunir-se algumas famílias em recreios decorosos e civilizadores, como sejam saraus, conferencias, espectáculos, etc”.
Ou seja, o Vitória de 1918 não terá frutificado... mas terá lançado, pelo menos, o nome para o que se haveria de constituir efectivamente em 1922, seguindo as teorias dominantes, e que se perpetua até hoje.