COMO AQUELE JOGO EM 1938, PERANTE O BOAVISTA, NÃO CHEGOU AO FIM POR CAUSA DE UM TAL DE MANUEL DE OLIVEIRA, PARA SER DISCUTIDO LONGE DE GUIMARÃES E ONDE O RIVAL PEDIA PARA APOIAREM O VITÓRIA!

 

Estávamos em 1938...

O Vitória, fruto das contingências do futebol português, não podia ingressar na Primeira Divisão, pelo que tinha de contentar-se em actuar no segundo escalão nacional.

Assim, depois dos Conquistadores terem no início da prova batido o Salgueiros por cinco bolas a duas, a prova teria de ser suspensa por alguns campeonatos regionais ainda não terem atingido o seu final. Assim, teria de se esperar para se aferir alguns competidores, sendo que quando o mesmo foi retomado, o Vitória foi a Valença do Minho bater o Valenciano por quatro bolas a uma.

Até que chegamos ao jogo perante o Boavista, disputado a 13 de Fevereiro de 1938. Como escreveu o Notícias de Guimarães de 20 de Fevereiro desse ano, "este desafio chamou a presenceá-lo uma grande assistência, teve um desfecho inesperado e lamentável, pois não chegou a atingir o fim do tempo regulamentar. E não chegou, mercê de factos originados pela má arbitragem do Juiz Manuel Oliveira, de Coimbra." Assim, apesar do cronista considerar que o Vitória tinha adoptado a táctica errada, pois "devia ter praticado o seu jogo colado ao terreno, e não o jogo alto, com o qual beneficiou o adversário, mais especializado nesse género." Apesar disso, o golo anulado ao Vitória, de modo inexplicável, ao conjunto vitoriano, impedi-lo-ia de ganhar uma vantagem mais tranquila e, acima de tudo, permitir que o jogo chegasse ao seu final. Assim, ao golo do avançado Pantaleão, os axadrezados contraporiam com um tento de grande penalidade, o que fazia com que a partida aquando da sua interrupção empatada a um.

Assim, depois de decorridos outros jogos como o Salgueiros e o Boavista no Porto em que os vitorianos foram derrotados, respectivamente, por três bolas a uma e por cinco tentos a dois e venceram, no Benlhevai, o Valenciano por três bolas sem resposta, seguia-se a repetição da partida em falta contra os axadrezados... num jogo que deveria ser disputado em Braga.

Refira-se que este jogo suscitou uma convergência de interesses entre as duas cidades vizinhas para apoiarem os Conquistadores. Assim, o Notícias de Guimarães escrevia que "não recusarão certamente os desportistas vimaranenses o seu incitamento aos vitorianos, porquanto se o recusarem, muito má nota darão de si." Aliás, por dele poder depender uma bela classificação no campeonato, era um "dever de todos acompanhar o grupo na sua deslocação, para assinalar bem no campo do adversário a presença da gente de Guimarãis, dando aos representantes da nossa terra o alento moral que em tais circunstâncias é desejável.” Porém, a imprensa da cidade vizinha referia que "ninguém deve esquecer que o Victória é neste momento um representante da região e que estando ligado ao team, nesta conjuntura, o futebol distrital, devem por isso mesmo os vimaranenses ser acolhidos e acarinhados com mais significativo entusiasmo."

Não obstante isso, nem com toda a onda de apoio, o Vitória seria capaz de levar de vencido o rival portuense. Perderia por três bolas a zero, acabando, assim, no segundo posto da sua série.

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