A INAUGURAÇÃO DO TEATRO JORDÃO... UM MOMENTO MARCANTE PARA A CIDADE!

Guimarães vai ter um teatro"

Assim noticiava o Comércio de Guimarães de 01 de Janeiro de 1937, que se alegrava por parecer "ter terminado o enguiço que se opina a todas as iniciativas e esforços para a construção de um teatro que não envergonhasse a terra de Afonso Henriques."

Tal devia-se ao anúncio efectuado pelo industrial Bernardino Jordão, que anunciou que "vou construir o teatro e conto que funciono já no próximo Verão." Prometia-se assim, que "o novo edifício será elegante, de linhas sóbrias e adaptável ao cinema e ao teatro."

Tal devia-se ao facto de, desde 1935, a cidade encontrar-se sem teatro, fruto de uma disputa judicial que envolveu os inquilinos e os proprietários sobre o, então, Teatro Gil Vicente, o que levou ao encerramento da casa de espectáculos existente na cidade, levando a que os apaixonados pela sétima arte vimaranenses tivessem de saciar o vício em outras localidades.

Assim, atendendo à promessa do empreendedor vimaranense, a 22 de Fevereiro de 1937, na então Avenida Cândido dos Reis, foi encetada uma obra que teria a sua inauguração a 20 de Novembro de 1938, com o nome de Teatro Martins Sarmento. Como escreveu o Comércio de Guimarães de 25 de Novembro desse ano, "Guimarães que pensa e sente, Guimarães que sempre pôs acima de mesquinhas intrigas o bem comum e a prosperidade da sua Terra, passou no Domingos pelos amplos corredores da magnífica casa de espectáculos que é, dizem-no competências, uma das melhores do país, e foi abraçar o homem arrojado que não sendo vimaranense, dotou esta Terra, que é a dos seus filhos, com um Monumento que lhe trouxe dissabores, gastos de energia e absorveu grossos capitais, que nunca chega a reembolsar."

Quanto à sala, segundo a obra "Teatro Jordão e Teatro D.Afonso Henriques em Guimarães, nesta "gastaram-se entre outros materiais 979 camiões de areia, cascalho e saibro; 684 camiões de perpianho e alvenaria; 62 vagões de cimento, cal, gesso e marmorite; 13 vagões com 127000 quilos de ferro; 31000 ou sejam perto de 30 vagões de tijolos "SIMCO" gastos para os pavimentos. Só os pinheiros utilizados na obra somam um comprimento que chega para fazer uma via dupla desde a Praça do Toural até à Penha. As tábuas e escoras gastas nas cofragens e soalhos chegariam para fazer um tapamento a toda a volta da Praça do Toural com uma altura de 20 metros. Se carregássemos um comboio com todo o material gasto nesta obra, teríamos uma composição de 835 vagões excluindo a máquina e o tender ou seja um comprimento total de 9,2 quilómetros, isto é, uma distância igual à que vai da estação de Guimarães até Vizela. Com as 926 lâmpadas num total de 46000 watts aplicadas na iluminação, e distanciadas de 10 m."

Uma verdadeira obra de arte, que o já referido jornal, dizia ter "toillettes luxuosas, algumas riquíssimas e formosas;" e onde abundavam "veludos, sedas, rendas preciosas, agasalhos de penas, de arminho e de peles; jóias de subido valor, pérolas a afagar setíneos colos, cabeças lindas de senhoras, o ouro luzente da farda de alguns oficiais, casacas e peitinhos de reluzente e imaculada alvura, a luz de centenas de lâmpadas eléctricas."

Quanto a espéctaculos, a inauguração contou com a companhia de Teatro Nacional Almeida Garrett.

Em 1940, após a morte de Bernardino Jordão, o Ministro de Educação Nacional permitiu a alteração do nome para Teatro Jordão, em homenagem ao homem, cuja abnegação e determinação, houvera levado a obra em frente. Uma obra que durou até 1993, altura em que encerrou, para ser adquirido pela Câmara Municipal à família em 2010.

Haveria de sofrer uma remodelação para ser reaberto a 12 de Fevereiro de 2022... com a certeza de ter sido uma parte indelével dos últimos 90 anos das artes vimaranenses!

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