COMO O VITÓRIA FOI RECEBIDO NA, PROVAVELMENTE, MAIOR MANIFESTAÇÃO DE RUA DA HISTÓRIA VIMARANENSE, DEPOIS DAQUELA GLORIOSA DIGRESSÃO A ÁFRICA...

Estávamos em 1959...

Pela primeira vez, com 37 anos de existência, o Vitória saía de Portugal para enfrentar equipas de outras paragens, ter mundo... rumava a África para em Angola e em Moçambique encontrar equipas de outras latitudes, colocando-se à prova, num tempo em que as competições europeias ainda não eram uma realidade.

Aí seria imbatível, não perdendo alguma das dez partidas que disputou, honrando o nome do clube e da cidade, numa manifestação ímpar de qualidade e de classe que na, então, metrópole orgulhou todos os vimaranenses e vitorianos.

Por isso, o regresso seria único e inesquecível. Como escreveu o Notícias de Guimarães e a fotografia apresentada comprova "o coração dos vimaranenses rejubilando de alegria, pela jornada em África da sua principal Colectividade Desportiva, arrastou uma multidão compacta até à Avenida Nova, para aclamar entusiasticamente os briosos rapazes do Vitória Sport Clube." Deste modo, provavelmente, nunca uma multidão tão extensa terá saído à rua no Berço da Nação, sendo "uma extraordinária manifestação popular, que começou logo nos primeiros palmos da terra do concelho, em Lordelo, tomou maiores proporções em Moreira de Cónegos, onde era já uma enorme multidão a aguardar os Vitorianos, produzindo-se ali ovações calorosas e teve a sua apoteose já perto das 9 horas da noite, nesta cidade. Desde o Castanheiro até ao Toural, por toda a Avenida Afonso Henriques. Largo 28 de Maio, Largo Moreira de Sá e Praça do Toural, um mar de cabeças aguardar a chegada dos jogadores, produzindo-se logo que eles surgiram uma manifestação indescritível."

Na verdade, a comprovar o imenso sentimento vitoriano que sempre grassou, não foi preciso marcar qualquer recepção. De forma espontânea, o povo juntou- se, sendo que "não foi necessária propaganda de incitamento, não foram precisos adjectivos de qualificação, nem tão pouco mais do que dizer aos vitorianos das mais diversas condições sociais: eles aí vêm! Chegam hoje às 19.30."

Contudo, a comitiva atrasar-se-ia. Chegaria muito depois. Mas, “o povo manteve-se firme, aglomerou-se, tornou as artérias pequenas para o conter e entusiasticamente esperou a caravana do Vitória."

Quando esta chegou, "numa euforia incentiva, numa demonstração inegável de simpatia, das maiores a que temos assistido, jogadores e populares confundiram-se em abraços estremecidos e os vivas, as saudações, as bandas de música, os foguetes, o repicar festivo dos sinos, tudo o que os olhos viram e as palavras serão incapazes de traduzir, foram a síntese maravilhosa do reconhecimento sincero duma gente que, ciosa do seu nome e do seu bairrismo, procurava agradecer a quem, tão dignamente, havia honrado o nome querido da sua terra: Guimarães."

O Vitória, ontem como hoje e sempre, a ser amparado por aquela massa que será sempre a sua essência: a massa anónima que o ama sem pedir nada em troca!

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