COMO O DENNIS LAW MOÇAMBICANO CHEGOU AO VITÓRIA, DEPOIS DE DESPREZADO NO PORTO...

Falemos de Dennis Law, o extremo e internacional escocês ruivo, que distinguiu-se no Manchester United durante a década de 60, chegando mesmo a vencer uma Bola d'Ouro. Uma verdadeira pop star, idolatrada no mundo do futebol, com desejo de ser copiada por miúdos e graúdos.

Por isso, não era de estranhar que mesmo jogadores portugueses, numa altura em que as províncias ultramarinas estendiam o nosso país para além do continente europeu, também fossem comparados com aquele que ficou conhecido pelo "Escocês Voador".

Tal sucedeu a Romeu Silva, um jovem nascido em Vila Praia de Âncora, mas que a necessidade dos pais procurarem um futuro melhor, os levou a Moçambique, à então Lourenço Marques, hoje Maputo.

Seria aí que o jovem Romeu daria os primeiros toques na bola, primeiro em desafios entre quarteirões, até que já com idade de júnior comprometeu-se com o Ferroviário, segundo ele, por dois motivos essenciais, confessados à Revista Ídolos: "ser o clube da minha simpatia, bem como aquele que ficava mais perto de minha casa, cerca de 400m." Não teria o êxito desejado, acabando a representar primeiro o 1º de Maio e depois o Sporting da Beira, fruto o seu pai, por contingências profissionais, ter rumado a esta cidade.

Seria aí que daria nas vistas, a ponto de começar a olhar para o regresso à metrópole...que tentou que surgisse pela porta do FC Porto. Como o próprio refere, na publicação citada, "o meu pai dá-se ao conhecimento com o antigo jogador do FC Porto, Perdigão, que lhe terá dito para eu prestar provas na colectividade portista. A ideia acabou por vingar.”

 Estávamos na antecâmara da temporada de 1972/73 e Romeu parecia cumprir o sonho de todos: iria jogar futebol numa das equipas de maior nomeada em Portugal, bem como satisfazer os desejos do seu pai, adepto do clube azul e branco. Todavia, a experiência não correria do melhor modo, pois, "na altura, António Feliciano (técnico dos juniores) tinha o plantel completo, segundo as suas próprias palavras. E isto sem sequer me ter visto treinar."

Aliás, terá existido mesmo um dirigente que o terá recriminado, dizendo que "você só deve fazer uma afirmação dessas depois de ver treinar o rapaz”. Romeu acabaria por fazer, nesse dia, um treino na equipa de juvenis, para no dia seguinte evoluir com os jogadores da sua idade, apenas "porque o tal dirigente se impôs, nesse sentido. De contrário, não o faria, só pelas palavras iniciais de Feliciano..."

Com as portas fechadas, urgia encontrar uma solução para tentar singrar no futebol português. Esta haveria de surgir "pela mão do meu querido amigo Alfredo Mourão, apareci a treinar no Vitória”. Nos Conquistadores foi de imediato olhado como possibilidade para reforçar a equipa sénior, já que "treinei logo com os seniores" e com sucesso imediato. Na verdade, "os dirigentes abeiraram-se de mim para assinar contrato com o clube”.

Seria o início de cinco temporadas de Rei ao peito, ainda que entrecortadas pela passagem pelo Benfica. Romeu, o Dennis Law moçambicano, ainda, haveria de ser treinador adjunto dos Conquistadores na década de 90 do século passado, numa ligação com o clube que, ainda, hoje perdura.

Postagem Anterior Próxima Postagem