Fernando Gomes era dos maiores símbolos do futebol português. Duas vezes botas de ouro, vencedor da Taça dos Campeões Europeus e da Intercontinental com um golo seu, terá sido, em conjunto com Futre, a maior referência do futebol português.
Porém, o casamento que se previa para a vida, teria um final abrupto, um divórcio violento...
Na verdade, estávamos no início de 1989 e o avançado sentia-se a perder espaço no Porto. Ficara famosa a frase de Ivic, no final da temporada anterior, dizendo que "Gomes era finito", sendo que Quinito, escolhido para substituir o treinador croata, ainda diria que "o Porto era Gomes e mais dez", em outra frase que entrou na história do futebol português.
Porém, Quinito não conseguiria aguentar a pressão no emblema da Invicta, chegando mesmo a afirmar que o melhor dia da sua aventura azul e branca foi o da partida, atento a pressão que sofrera.
Assim, regressou ao clube azul e branco Artur Jorge com Octávio Machado como adjunto que se incompatibilizaria com o jogador num estágio na Madeira, antes da partida com o Marítimo. Com efeito, Fernando Gomes irritou-se na tardia chegada ao hotel no Funchal, aquando de uma deslocação para enfrentar o Marítimo, atento o momento em que começou a ser servida a refeição a dirigentes e técnicos. O capitão haveria de alegar que os jogadores deveriam ser servidos em primeiro lugar, o que fez Octávio ripostar em nome da equipa técnica. O caldo, contudo, entornou-se, definitivamente, quando o jogador chamou-o de bufo. Ser-lhe-ia instaurado um processo disciplinar e já não jogaria no Domingo seguinte no Caldeirão dos Barreiros.
Nesse momento, pressentiu-se que o bibota não mais representaria a equipa que o formara e que, à excepção de uma curta passagem por Gijón, era a sua casa.
Assim, começou a ser seduzido...com o Vitória à cabeça. Na verdade, Pimenta Machado, desejoso de montar uma equipa que voltasse a andar nos lugares mais altos da tabela, depois de dois anos abaixo das expectativas, contactou o jogador, seduzindo-o.
Prometeu-lhe uma equipa feita à sua medida, capaz de o fazer marcar golos em catadupa e um lugar de ídolo, deixado vago após a venda de Paulinho Cascavel ao Sporting.
Com tudo tratado e com o Porto a pretender não culminar o processo disciplinar num despedimento com justa causa, tudo parecia certo que o jogador viesse para o Vitória sem qualquer encargo, para além do seu salário e de um prémio de luvas de 30 mil contos, cujo cheque já houvera sido visado no Banco Comercial Português e passado à ordem do jogador.
Porém, quando tudo parecia certo e Gomes passaria a ser Conquistador, apareceu o Sporting, de um ambicioso Sousa Cintra, ansioso por recuperar um título que lhe fugia desde 1982. Não haveria de o conseguir, mas conseguiria, graças à força dos cifrões, desviar o goleador... que haveria de fazer dupla com Cascavel, antes de ajudar ao seu ocaso no clube lisboeta.