COMO NUMA SEMANA, O VITÓRIA, POR DUAS VEZES, ABATEU O DRAGÃO E TODAS AS SUAS PRETENSÕES!

Estávamos no final da temporada de 1975/76...

O Vitória, orientado por Fernando Caiado, fizera prova equilibrada, sempre "colado" aos lugares cimeiros, ainda que atento às vagas disponíveis para o apuramento europeu, tal só fosse exequível pela Taça de Portugal, onde ainda se encontrava presente.

Assim, aquela semana de 8 a 15 de Maio de 1976 foi decisiva para os Conquistadores, mas também para o FC Porto, equipa que a antecedia na tabela e que olhava para as duas provas como, igualmente, modos de atingir uma competição europeia que parecia fugir. Deste modo, a 09 de Maio as equipas iriam encontrar-se em partida a contar para o campeonato, sendo que a 15 deveriam disputar os quartos de final da Taça de Portugal, sendo que o vencedor deveria jogar contra o Sporting. Acresce, ainda, que ambas as partidas seriam disputadas no, então, Estádio Municipal perante o entusiasmo dos vitorianos.

Deste modo, na partida a contar para o campeonato, a alinhar com Rodrigues; Alfredo, Rui Rodrigues, Torres, Osvaldinho; Abreu, Almiro, Pedrinho; Ferreira da Costa, Tito e Rui Lopes, segundo o Notícias de Guimarães de 14 de Maio de 1976, o "Vitória venceu a partida com todo o mérito e podia ter obtido um resultado mais folgado". Com efeito, apesar de Cubillas ter adiantado os azuis e brancos no marcador, "o colectivismo do seu conjunto" e "o ardiloso processo de marcação feita pelo conjunto vitoriano", ajudaram a dar a volta à partida, graças ao bis de Rui Lopes. O primeiro round estava vencido, ainda que se alvitrasse que as rectificações a produzir para ao segundo jogo, que era de "mata-mata" pudessem levar a que a partida tivesse uma tónica distinta.

Porém, seria deliciosamente similar, com o mesmo herói: Rui Lopes. Com apenas uma alteração em relação à partida anterior, que passou pela troca de guarda-redes, entrando Sousa para o lugar de Rodrigues, o título à crónica do jogo descreverá na perfeição o sucedido: "O Porto refilou, o Vitória socou!" Tratou-se na verdade de um "belo e emocionante espectáculo fornecido pelas equipas (...) que puseram na luta toda a gama de predicados que a ilustram."

"O Vitória, calculista como sempre, jogando na retranca, ou melhor, dentro do seu meio campo, para daí partir em rápidos e sucessivos contra-ataques à conquista das balizas adversárias, fazendo como sempre do colectivismo do seu todo a sua principal arma", haveria de se adiantar no marcador por Tito no final da primeira parte.

Porém, já na segunda, surgiria o momento polémico, por causa "da arbitragem" que "senão fora um desentendimento entre o juiz da partida e um dos fiscais de linha, desentendimento que permitiu que o Porto empatasse a um golo e que poderia ter falseado o desfecho do encontro... É que atleta que vê a bandeira do fiscal erguida, acredita, mesmo inconscientemente, no imediato apito do árbitro e...facilita. O aperceber desse facto por parte de Osvaldinho e de Sousa terá tido influência no desentendimento entre ambos."

Apesar desse momento, o melhor haveria de estar reservado para o fim. "Numa verdadeira obra-prima do futebol e de inteligência ao serviço do mesmo", Rui Lopes marcou o segundo golo vitoriano abrindo portas à loucura no Municipal. O Vitória eliminava o Porto, arredava-o definitivamente das competições europeias e continuava a sonhar com a conquista da Taça de Portugal, que acabaria por ser-lhe espoliada pelo famigerado Garrido.

Não obstante, nesse dia, "o Porto fez figura de refilão, refilando sempre e sempre, enquanto que o Vitória, pacientemente, foi aguentando, à espera de o apanhar desprevenido ou confiante e então lhe mandar um soco que o mandasse definitivamente por terra". Assim, por duas vezes consecutivas numa semana, o Dragão era abatido pelo Conquistador...

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