COMO NO PELADO DO MONTIJO, CAIU O VITÓRIA COM UM GOLO DE ANDEBOL GRAÇAS A UM ÁRBITRO QUE ERA UMA SUMIDADES QUE PONTIFICA NA ARBITRAGEM E LEVOU A UM ARRASADOR COMUNICADO...

Aquela temporada de 1976/77 começara e continuava equilibrada, como se a equipa procurasse, aos poucos, lamber as feridas da ignomínia que fora a arbitragem de António Garrido no final da Taça de Portugal da temporada anterior.

Assim, se chegou aquele dia 16 de Janeiro de 1977, dia em que os Conquistadores treinados por Fernando Caiado deslocaram-se ao Campo Luís de Almeida Fidalgo no Montijo, para defrontar a equipa da casa que, nesse ano, haveria de disputar pela terceira e derradeira vez o nacional maior do nosso país.

Porém, esse jogo ficaria, acima de tudo, marcado pela nefasta exibição do árbitro Adelino Antunes que o jornal do Vitória de Janeiro de 1977 considerava que "este árbitro é uma das sumidades que pontifica na arbitragem nacional fazendo parelha com o famigerado António Garrido", o que tal que houvera privado os Conquistadores de levantarem a taça de Portugal uns meses antes.

Na verdade, a equipa composta por Rodrigues; Ramalho, Alfredo, Torres, Osvaldinho; Almiro, Pedroto, Abreu; Ferreira da Costa, Dinho e Tito seria abatida "com um golo de andebol". Pior ainda que "toda a gente viu o jogador local a preparar a bola com a mão antes do remate final."

A aumenta ainda mais a desilusão, pelo facto da equipa "actuando magnificamente no jeito maneirinho mas coeso, num pelado, que em nada favorecia a sua maneira de actuar, cheio de poças de água", tendo sido "um regalo, segundo dizem as crónicas, ver actuar o Vitória naquele campo, cujas gentes, dizem, ainda lá não viram ninguém actuar melhor e ao mesmo tempo um desespero ver a sua superioridade não ser traduzida em golos."

Perante tamanha indignação, a direcção vitoriana não perdeu tempo. Enviou à Comissão Central de árbitros, um ofício que assim rezava:

" Toda a crítica, num unânime juízo, regista a irregularidade do único golo assinalado no encontro do passado Domingo (16/1/77) entre a nossa equipa e a do Clube Desportivo Montijo, disputado no campo deste.

Com este golo ficou estabelecido o resultado do jogo, com manifesto prejuízo para o nosso clube.

Assim, embora não sendo dos nossos hábitos reclamar das arbitragens dos nossos jogos, salvo no caso da designação incompreensível do árbitro da final da Taça de Portugal da época passada, sentimo-nos na obrigação de protestar contra tão insólito julgamento do Sr. Adelino Antunes, que não quis ver aquilo que toda a Imprensa e os milhares de pessoas presentes no encontro bem observaram e do que resultou simplesmente a derrota do Vitória.

Sabemos perfeitamente que em nada adiantaremos com esta exposição que será levada à conta de mais uma vulgar perseguição à arbitragem nacional, no entanto não podemos calar o nosso profundo desgosto pelo sucedido e, também, por mais duas razões que apontamos:

1 - Porque este árbitro é o mesmo que há poucas semanas ainda, não viu qualquer incidente no final do jogo Setúbal-Porto, nada registando no respectivo boletim sobre acontecimentos que, por fotografias, ficaram testemunhados nos jornais;

2 - Porque sabemos ser ele um dos quatro componentes da arbitragem que com outros quatro dos órgãos do futebol, em comissão paritária estabeleceram as novas normas regulamentares que orientarão o sector dos árbitros nos tempos futuros, como o determinou a D.G.D.

Perante o exposto, digam-nos que confiança como Clube, poderemos ter quanto à arbitragem nacional?"

Efectivamente, a direcção do Vitória tinha razão. Apesar da indignação, nada mudaria... continuando as arbitragens nacionais a brindar-nos com decisões absolutamente chocantes

 


 

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