O Vitória na temporada de 1989/90 andava na crista da onda...
A sonhar com o título, sob o comando de Paulo Autuori. A fundamentar o sonho, o facto de ter sido derrotado por três bolas a duas na primeira jornada desse campeonato, perante os Leões e com polémica arbitragem de Alder Dante, para não mais ser derrotado durante a primeira volta da prova. Um verdadeiro record preenchido com jogos épicos como o do Antas, em que Paulo Autuori perdeu a cabeça com o juiz Francisco Silva, desencadeando grossa polémica e sendo contemplado com um injusto castigo.
Assim, chegou-se ao primeiro jogo da segunda volta, com os Conquistadores a um ponto da liderança ocupada pelo FC Porto (29 pontos contra 28) e com os Leões, adversários daquela tarde de Domingo, 28 de Janeiro de 1990, a três pontos da equipa vitoriana. Era, por isso, um jogo determinante para a equipa vitoriana assumir a sua propalada candidatura ao título, tal como os órgãos de comunicação social, por esses dias, aludiam.
Assim, com o Vitória a alinhar com Neno; Bené, William, Germano; Nando, N'Dinga, Soeiro, João Baptista, Roldão; Chiquinho e Silvinho, como escreveu o Notícias de Guimarães de 02 de Fevereiro de 1990 "até o S.Pedro parece ter uma costela vitoriana. Pois, com tantos dias de chuva, sobretudo no dia anterior ao jogo, brindou os vitorianos com um agradável dia de Sol." Um dia de Sol e que teve direito a "desfile de majoretes e charanga antes e no intervalo do jogo", bem como "com a entrada dos jogadores, uma largada de pombos."
Num ambiente festivo, os adeptos Conquistadores mais felizes ficariam quando N'Dinga, à passagem da dúzia de minutos, fez a bola beijar as redes de Ivkovic, o guardião contrário. Tratou-se de um "grande, magnífico, espectacular... e golo de N'Dinga. Na verdade, todos os adjectivos são poucos para catalogar o pontapé de N'Dinga que colocou o Vitória a vencer..."
Tal encetou um período de extraordinário futebol do Vitória que terá estado próximo do segundo golo, mas que acabaria traído por uma defesa para a frente de Neno que possibilitaria a Marlon Brandão empatar o jogo, ainda que de modo injusto e beneficiando, também, "da queda de William sobre a linha de golo, o que o impossibilitou de safar o chapéu." Porém, a tarde infeliz de Neno não ficaria, apenas, marcada pelas "...responsabilidades no golo do Sporting em deveria ter socado o esférico em vez de tentar blocar o mesmo.", já que haveria de sofrer uma lesão na partida. Estoicamente, aguentaria até ao final da partida, para no final desta dirigir-se ao hospital, onde ser-lhe-ia diagnosticada uma rotura de ligamentos no joelho esquerdo, o que o fez ser operado e estar afastado por um período dilatado de tempo.
Mais do que o ponto perdido, ter sido igualado no segundo lugar, o Vitória lamentava a perda do guardião que, em grande forma, houvera sido um garante pontual...e, como isso iria fazer falta, nos jogos seguintes!