A temporada de 1989/90, sob o comando de Paulo Autuori, estava a ser extraordinária. Com efeito, depois da derrota na primeira jornada em Alvalade, graças a uma infeliz arbitragem do juiz Alder Dante, o Vitória cumpriu toda uma volta do campeonato sem perder, num registo a fazer sonhar com uma classificação inédita. Na verdade, durante esse período, o conjunto vitoriano empatou em casa a um com o Benfica, obteve igual resultado em casa do FC Porto e triunfou, tranquilamente, em casa perante o eterno rival.
Até que se chegou a um jogo tido como decisivo para o desenrolar do campeonato, em casa do Benfica. Sem Neno, um dos baluartes da equipa, lesionado, a baliza teve de ser confiada ao jovem Sérgio, ainda com muito pouca rodagem para os altos patamares do futebol nacional.
Porém, ainda a preocupar mais o Vitória, tal como sucede hoje em dia, esteve a arbitragem. Tudo começou pelo facto da nomeação dos árbitros para essa jornada, não ser efectuada na hora e no local devido, passando para o Pleno do Conselho de Arbitragem que se encontrava reunido no Algarve.
Tal polémica devia-se ao jogo anterior ao que o Vitória iria efectuar contra os encarnados. Na verdade, nessa partida entre o Vitória setubalense e o Benfica tinham existido uma série de casos, que fez com que os encarnados para contestassem os critérios de nomeação arbitral, disparando contra o presidente dos árbitros escolhido pela AF Porto.
Na altura, este era o advogado Lourenço Pinto que foi posto em causa, sendo que Pimenta Machado também juntou-se ao rol de críticas. Assim o presidente do Vitória exortou a que o homem forte da arbitragem portuguesa não pudesse nomear as equipas de arbitragem sozinho, sugerindo que, se assim continuasse, devia-se demitir, algo que não sucedeu por influência de Adriano Pinto, na altura um dos homens mais fortes do futebol português por ser o presidente da AF Porto.
A piorar a situação, o facto de a referida deslocação do Vitória a casa dos lisboetas ter sido indigitado Rosa Santos, que não arbitrava há mês e meio, o que levou a que o presidente vitoriano considerasse na imprensa que “a falta de senso de Lourenço Pinto está a queimar a arbitragem nacional."
Porém, depois de, alegadamente, ter sido ameaçado de morte, o árbitro recusaria mesmo a nomeação, enquanto Pimenta Machado afirmava que este não poderia apitar jogo tão importante depois de tanto tempo de paragem, acusando o líder do Conselho de Arbitragem de "não estar a ter o devido tacto." Do lado contrário, o adversário, pela voz de Gaspar Ramos, sustentava que Rosa Santos era um árbitro à altura do jogo, por ser internacional e com capacidade para o jogo.
Todavia, Pimenta conseguiria fazer prevalecer os seus intentos e o escolhido para dirigir a partida acabaria por ser José Pratas, que, segundo a imprensa, exibiu-se a bom nível. Porém, num dia em que Sérgio, como referimos, escolhido para substituir Neno, não esteve feliz no lance do primeiro golo, ainda que fizesse quatro defesas de grande nível, o Vitória voltaria às derrotas seis meses depois da última! Um percalço que se haveria de revelar importante para a equipa não ir além do quarto posto final...