COMO MENDES TENTAVA ENGANAR CAIADO, NUM TEMPO QUE NADA TEM A VER COM O DE HOJE, MAS EM QUE JÁ SE SABIA QUE OS GÉNIOS PRECISAVAM DE COMPREENSÃO PARA SEREM ABONOS DE FAMÍLIA...

 

Estávamos na temporada de 1969/70...

As estruturas de uma equipa de futebol eram completamente diferentes das que existem hoje, sendo o profissionalismo entendido de modo diverso. Na verdade, os longos staffs que procuram dar resposta a todas as necessidades dos clubes não existiam

Para isso, os treinadores tinham de procurar responder a "todos os fogos", quais bombeiros de serviço, preocupando-se, inclusivamente, em correr as casas dos jogadores para perceberem se estes cumpriam as normas de regulamento interno, principalmente se dormiam as horas devidas e não perdiam a noite.

Ora, quando na equipa uma das maiores estrelas era um "bon vivant", apreciador dos prazes da vida, como sucedia com António Mendes no Vitória naqueles idos anos 60, as preocupações do técnico eram elevadas ao agonismo e que tinha de lidar com as rígidas imposições do treinador Fernando Caiado que pretendia que os seus atletas se deitassem cedo.

Assim, como recordou Osvaldinho, membro da equipa, em entrevista ao jornal do Vitória de 17 de Outubro de 2000, "ele sempre pelas onze horas da noite, gostava de ir a casa dos jogadores, para ver se eles estavam a cumprir o que estava estabelecido."

Contudo, tal não seria impeditivo do Pé Canhão sair, aproveitar as boas coisas da vida. Para isso, segundo o referido Osvaldinho, "num dia na visita do treinador, o jogador António Mendes saiu, tapou a cara ao pai, para dizer ao treinador que era ele que estava a dormir. Mas, o treinador foi à cama e destapou a cara e viu que era o pai..."

Apesar da ira do técnico, salvar-se-ia por ser "um jogador muito protegido pela massa associativa e pela direcção." Valeria a pena, pois seria dele o golo no último minuto da última jornada frente ao FC Porto que haveria de garantir mais um apuramento europeu. Os génios sempre precisaram de liberdade para serem felizes...

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